SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sucesso nas redes sociais e em laboratórios de dermatologistas, o peeling de fenol é um tratamento estético que promete diminuir as rugas em apenas uma sessão. É também usado para reduzir marcas de acne e manchas, como melasma o resultado, porém, não é tão impactante ou previsível como nos casos de envelhecimento.
A técnica não é nova e foi deixada de lado no passado em decorrência de complicações por má utilização da substância, segundo o cirurgião plástico Carlos Uebel, membro da SBCR (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e professor da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), que fazia o método no passado.
De acordo com ele, “é um belo procedimento para a pele do rosto” se feito adequadamente.
O método tem recuperação lenta com cicatrização que pode levar mais de um ano. Veja abaixo perguntas e respostas sobre o procedimento.
O PEELING DE FENOL É SEGURO?
Segundo Uebel, a técnica é considerada segura se feita de forma adequada por dermatologistas ou cirurgiões plásticos especializados.
“É preciso cuidado na escolha do profissional, muito cuidado”, diz. “As complicações são terríveis e muito difíceis de tratar.”
O cirurgião salienta a importância de checar as credenciais do profissional para ter certeza de sua especialização.
QUEM PODE FAZER?
O procedimento é indicado apenas para pessoas com pele clara ou baixa concentração de melanina. Aqueles de pele escura correm o risco de desenvolver cicatrizes indesejadas, além de hiperpigmentação, segundo o cirurgião.
QUAIS OS CUIDADOS APÓS O PROCEDIMENTO?
O paciente precisa de um preparo que leva de 15 a 30 dias, e tem que fazer um pós-operatório cuidadoso. A cicatrização completa leva até um ano e meio, mas os primeiros resultados podem ser vistos em duas semanas. A vantagem é que muito raramente precisa ser refeito.
Ediléia Bagatin, coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), disse em entrevista à Folha de S.Paulo no último ano que o paciente deve estar bem orientado sobre o pós-operatório, que é doloroso e deixa a pele do rosto “bastante feia”.
“Não é um procedimento cirúrgico, mas é considerado invasivo. Provoca uma grande agressão, como se fosse uma queimadura química profunda, que vai exigir acompanhamento quase diário, pelo menos na primeira semana. Só pode ser realizado por médico treinado e com bastante seleção do paciente”, diz a dermatologista.
Nessa fase, a higiene e hidratação são importantes, além de muita proteção solar. O ideal é não sair de casa, pelo menos na primeira semana, de acordo com a dermatologista.
Já Uebel orienta que os pacientes evitem a exposição ao sol nas primeiras semanas.
QUANTO TEMPO DURA O RESULTADO?
Os resultados de melhora no envelhecimento podem durar até duas décadas, segundo a Bagatin. É necessário, porém, manter os cuidados com a pele.
“O peeling de fenol mais profundo tem um rejuvenescimento inacreditável e um resultado bastante duradouro. Tem relatos do efeito ter durado 20 anos, desde que a pessoa cuide dessa pele com ácido retinóico e filtro solar continuamente”, disse Bagatin.
QUAIS OS RISCOS?
O procedimento pode causar picos de arritmia e usa anestesia, por isso deve ser feito em ambulatório clínico ou cirúrgico. As mudanças no ritmo cardíaco ocorrem em decorrência da presença do fenol na corrente sanguínea antes de sua metabolização pelo organismo. A aplicação também deve ser feita em etapas para evitar a sobrecarga.
Segundo Uebel, as complicações são raras. Intoxicação com o fenol em órgãos como o coração, fígado e rins, podem ocorrer se o método for feito com profissional não capacitado ou a substância estiver em concentração maior do que a permitida.
“Pode causar, por exemplo, bradicardia”, diz o cirurgião. A doença, que causa alterações no ritmo cardíaco, não é comum como complicação devido ao procedimento.
QUANTO CUSTA?
Especialistas afirmam que o método é principalmente procurado por mulheres, mas profissionais que realizam a técnica veem a busca crescer entre homens. O custo varia entre cerca de 15 mil a 30 mil, mas pode ser maior ou menor dependendo do profissional escolhido e do objetivo.
Há pacientes que escolhem fazer o peeling em todo o rosto, mas também há indicação apenas para algumas regiões, como a área dos olhos que costumam ter mais marcas de expressão. O preço também varia de acordo com a área tratada.
AO QUE MAIS DEVO ESTAR ATENTO?
Em entrevista à reportagem, a advogada especializada em direito médico, Priscila Galzo Marafon Moda, pontuou que o peeling de fenol se caracteriza como uma técnica de alto risco e requer monitoramento antes, durante e após o procedimento.
O profissional precisa saber a procedência dos produtos, se tem liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e analisar a saúde geral do paciente, além de fazer um contrato de prestação de serviço que contenha um “termo de consentimento livre e esclarecido”.
O documento deve trazer itens como riscos do procedimento, retornos, como será feita a intervenção e os cuidados durante todo o período de recuperação.
Redação / Folhapress