SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Noivos, Débora Botelho, 27, e Vagner dos Santos, 24, estavam no bloco mais ao final da Marcha para Jesus vestidos com a camisa que a seleção brasileira de futebol usou na última Copa do Mundo.
“O uniforme é apenas para combinar porque nós estamos juntos e fazendo uma campanha para arrecadar dinheiro para o casamento”, disse Santos.
O casal de evangélicos aproveitou o evento que ocorre nesta quinta-feira (8) em São Paulo para vender água e pedir doações por Pix, cujo número estava gravado em folhetos colados na camisa e no carrinho de bebidas.
Assim como os noivos, outros participantes do evento que usavam a camisa amarela, que se tornou uma espécie de símbolo dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmaram à reportagem diversas razões para o traje, nenhuma relacionada com a política.
“Eu uso a camisa da seleção porque gosto, comprei na Copa”, contou o assistente administrativo Gustavo Jaques, 31.
“Eu sei que na época da campanha tinha muita gente usando para apoiar o candidato [à reeleição Jair Bolsonaro], mas não é minha intenção. Sou evangélico há 12 anos e acredito que esse é um momento especial, que representa a união dos vários ministérios evangélicos para agradecer a Deus por estarmos aqui, ainda vivos, após a pandemia”, concluiu Jaques.
O reconhecimento da gravidade da pandemia de Covid-19 foi mencionado frequentemente por fiéis que falaram à reportagem, contrariando o negacionismo propagado pelo ex-presidente durante a crise sanitária.
Também vestida com a camiseta da seleção, a advogada Amanda de Souza, 31, demonstrou alívio ao poder usar as cores da bandeira sem que isso significasse apoiar algum político. “Graças a Deus isso passou”, disse.
“Quase todos os brasileiros têm um time e a seleção representa todos, então a camisa é um símbolo de união do país por Deus, não por Bolsonaro ou qualquer outro político”, prossegue Amanda.
“Há muitos políticos que possuem religião e nós achamos legal ele [Bolsonaro] ser cristão, mas é só mais uma pessoa no meio de tantas outras”, afirmou.
CLAYTON CASTELANI / Folhapress