O economista Adriano Pires desistiu de assumir o comando da Petrobras depois de o governo Bolsonaro receber informações de que o nome dele não passaria no teste de governança da petrolífera.
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União também havia pedido que Pires fosse impedido de assumir o cargo enquanto não houvesse uma investigação sobre o relacionamento dele com o setor privado.
O conflito de interesses, detalhado na Lei de Governanças das Estatais, estaria no fato de Adriano Pires atuar como consultor na área do óleo e gás por intermédio da empresa dele, o Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Na carta em que explica a desistência, Adriano Pires disse que começou a se desligar da consultoria, mas percebeu que não teria condições de fazê-lo em tão pouco tempo. Pires foi indicado pelo governo como o terceiro presidente da Petrobras na gestão Bolsonaro.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, ironizou ontem as críticas ao possível conflito de interesses de Adriano Pires. Para Lira, Pires está sendo vítima da pauta da imprensa e do Ministério Público, e que logo o governo vai precisar de um arcebispo para assumir o comando da Petrobras.
O recuo de Pires acontece um dia depois de o empresário Rodolfo Landim negar o convite para presidir o Conselho de Administração da Petrobras.
Na origem das duas desistências está o relacionamento dos dois com o empresário Carlos Suarez, conhecido como uma das maiores forças de lobby no Congresso no setor de óleo e gás. Ele seria sócio de cerca de 20 empresas do setor.
Em sua atuação como consultor, Adriano Pires teria defendido o empresário junto ao governo e obtido a inclusão de um artigo do interesse de Suarez na MP da Privatização da Eletrobras.
A medida provisória passou a obrigar a compra de energia de termoelétricas, o que beneficia empresários do setor de gás e prejudica a política de buscar fontes de energia menos poluentes.
Segundo o jornal O Globo, o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, é o nome mais cotado para assumir a presidência da Petrobras.
Andrade tem a confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele é bem avaliado no governo por ter implementado o “gov.br”, a plataforma na internet na qual os serviços do governo digital são prestados. Ele também presidiu o Serpro, a empresa pública que cuida dos dados do governo federal.