SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O homem filmado sendo carregado com as mãos e os pés amarrados por policiais militares de São Paulo afirmou ao seu advogado que os agentes desligaram as câmeras corporais ao descerem da viatura e o agrediram antes de ele ser preso no último dia 4.
Robson relatou que apenas após a suposta agressão que os policiais voltaram a ligar as câmeras corporais acopladas nos uniformes dos agentes.
Os policiais foram afastados também em razão dessa ação denunciada pelo homem, segundo o advogado de Robson, José Luiz de Oliveira Júnior, do escritório O&S Advogados. O caso está sendo apurado pela Corregedoria da PM (Polícia Militar).
Robson disse que não ofereceu resistência aos agentes durante a ocorrência. Ele foi preso em flagrante sob a acusação de furto de duas caixas de bombons em um supermercado. O valor delas é avaliado em cerca de R$ 30.
O desembargador Edison Tetsuzo Namba negou no sábado (10) um pedido liminar de liberdade a Robson. O magistrado avaliou que o homem apresenta risco à sociedade e que é reincidente no crime. Tetsuzo Namba também citou que o suspeito não tem endereço fixo, nem exerce atividade remunerada.
“Ele [Robson] fez questão de afirmar que quando os policiais já desceram da viatura e desligaram as câmeras. Agrediram ele e só depois ligaram as câmeras. E ele deixou claro que não ofereceu resistência e confirmou que estava comendo o bombom”, afirmou Oliveira Júnior.
A reportagem tenta contato com a SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo). A nota será atualizada em caso de retorno.
ENTENDA O CASO
Segundo a Polícia Militar, o homem teria resistido à prisão e precisou ser dominado e amarrado por quatro policiais militares. O caso ocorreu no domingo (4) e ação dos policiais foi gravada por uma pessoa na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Mariana.
Os PMs foram afastados e um inquérito instaurado para apurar a conduta dos agentes. “A Polícia Militar lamenta o episódio e reafirma que a conduta assistida não é compatível com o treinamento e valores da instituição”, informou a corporação.
As imagens ganharam força nas redes sociais após muitas denúncias, como a do Padre Júlio Lancellotti, que disse que o homem estava em situação de rua e desarmado. O padre ainda questionou: “A escravidão foi abolida?”.
Redação / Folhapress