BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) se reúne nesta terça-feira (13) com a ministra do Turismo, Daniela Carneiro. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também estará no encontro.
A União Brasil pressiona o Palácio do Planalto a substituir Daniela pelo deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) após Lula negociar mudanças na articulação política em troca de ampliar a base política na Câmara. Daniela pediu ao TSE desfiliação da União Brasil.
Participa também da conversa o marido de Daniela, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho.
Interlocutores do Planalto dizem que a expectativa é que a ministra seja demitida. Com a troca por Sabino, integrantes do partido prometem atrair para o governo mais votos da bancada, que tem 59 deputados.
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que, embora a União Brasil pressione Lula por trocas no primeiro e segundo escalões, integrantes e dirigentes do partido não garantem que a legenda irá integrar a base do governo caso o petista atenda às demandas.
Em outra frente, uma ala da União Brasil ameaça levar a maior parte dos 59 deputados à oposição caso mudanças não sejam feitas.
A bancada da União Brasil na Câmara, que é alinhada ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), negocia com o Palácio do Planalto o Ministério do Turismo e a Embratur (agência de promoção do turismo). Há também pedidos do grupo de Lira para conseguir o comando e diretorias dos Correios.
Nesta segunda-feira (12), Padilha admitiu a possibilidade de trocas no primeiro escalão do governo em meio à pressão sobre Daniela.
“Governo é igual a um rali. De vez em quando, durante um rali, você tem que trocar um motorista, um pneu, o que importa é estar no caminho certo. Esse é um governo que tem um caminho, um rumo certo”, disse, afirmando estar “em debate” a discussão com a União Brasil, “que avalia a necessidade de reformulação dos seus indicados”.
O presidente da União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), disse à Folha que o partido não pleiteia nenhum ministério específico, mas considera natural que o governo busque melhorar o ambiente com o Congresso. Ele admitiu, porém, que isso não significa a ida da legenda para a base.
“Isso não implica dizer que qualquer partido que tenha essa ou aquela pasta tenha uma adesão dogmática ao partido eleito”, afirmou Bivar.
Sabino tem dito a aliados que, se assumir o cargo, irá trabalhar para que o partido entre formalmente para a base de Lula.
Embora tenha hoje três ministérios, a União Brasil mantém posição independente em relação ao governo. A sigla é criticada pelo entorno do presidente por não entregar votos suficientes no Congresso em pautas do Planalto.
JULIA CHAIB, THIAGO RESENDE E RENATO MACHADO / Folhapress