6 encontros entre Fernando Pessoa e a MPB

Há 135 anos – no dia 13 de junho de 1888 – nascia em Lisboa, Fernando António Nogueira Pessoa, aquele que se tornaria o maior poeta português de todos os tempos. 

Poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político, Fernando Pessoa fez muita história em seus 47 anos de vida. 

O poeta dedicou toda a sua vida às letras e criou diversos heterônimos (mais de 120!), para escrever a sua obra, entre eles, os mais famosos:

  • Ricardo Reis;
  • Álvaro de Campos;
  • e Alberto Caeiro.

Fernando Pessoa dizia:

Hoje, já não tenho personalidade. Quanto em mim haja de humano, eu dividi entre os autores vários de cuja obra tenho sido executor. Sou hoje o ponto de reunião de uma pequena comunidade, só minha”.

Escrevendo em inglês (foi alfabetizado na África do Sul, em uma escola católica irlandesa) e em português, Pessoa é muito admirado pelos brasileiros, principalmente pelos músicos brasileiros, e foi muito homenageado em obras da nossa música popular.

Fernando Pessoa é considerado o maior poeta português de todos os tempos | Foto: Reprodução

6 encontros entre Fernando Pessoa e a MPB

Preparamos a seguir uma lista com seis momentos em que a MPB e a obra de Fernando Pessoa se cruzaram!

1 – Maria Bethânia leva os poemas de Fernando Pessoa para os palcos

Entre esses músicos brasileiros apaixonados por Fernando Pessoa, não podemos deixar de destacar a grande diva Maria Bethânia, com certeza a artista que mais interpretou, homenageou e mergulhou na obra do poeta português. 

Bethânia leva os poemas de Pessoa ao palco e aos seus discos desde 1971, de forma primorosa. Quem apresentou o Fernando Pessoa para Bethânia foi o diretor Fauzi Arap, criador do estilo de espetáculo que a cantora faz, que mistura música e dramaturgia. Ele a dirigiu em Rosa dos Ventos, espetáculo de 1971, que virou disco. Foi quando Bethânia começou a mergulhar na obra do poeta.

“Ele é um tradutor extraordinário de mim. (…) É o poeta da minha vida.”, diz a Abelha Rainha da MPB sobre Fernando Pessoa.

“A poesia portuguesa é uma coisa muito forte e me ganhou logo, muito cedo. Acho que Fernando Pessoa me entende. A alma, o sentimento, o coração, o raciocínio… (…) eu acho que tenho uma intimidade com ele.”. 

Em 2013, Bethânia gravou – junto com a grande especialista no poeta e integrante da Academia Brasileira de Letras, a professora Cleonice Berardinelli – o documentário O Vento Lá Fora, em que declamam e conversam sobre a obra de Fernando Pessoa.

2 – O cineasta André Luís Oliveira lançou três discos em que musicou 44 poemas de Fernando Pessoa

O compositor e cineasta baiano André Luís Oliveira – que dirigiu, em 1969, Meteorango Kid – O Herói Intergalático, filme manifesto da Tropicália – lançou uma série de três discos (em 1986, 2003 e 2012), em que musicou 44 poemas de Mensagem, último livro de Fernando Pessoa publicado em vida e o único em língua portuguesa.

Desses discos – Mensagem 1, 2 e 3 – participam diversos grandes intérpretes de diferentes gerações da MPB, cada um interpretando um dos poemas musicados por André Luís.

Entre esses intérpretes estão nomes como:

  • Elizeth Cardoso;
  • Gilberto Gil;
  • Caetano Veloso;
  • Gal Costa;
  • Milton Nascimento;
  • Ney Matogrosso;
  • Edson Cordeiro;
  • Mônica Salmaso;
  • Fagner;
  • Zeca Baleiro;
  • Moraes Moreira;
  • Ná Ozzetti;
  • Renato Teixeira;
  • Cida Moreira;
  • Zé Ramalho;
  • Elba Ramalho;
  • Daniela Mercury;
  • e Belchior.

Para marcar os 80 anos da morte do poeta, em 2015, André lançou – com o título Mensagem – uma caixa de madeira reunindo os três discos, dois DVDs (contendo clipes das canções e bastidores das gravações), um álbum de fotos e o próprio livro de Pessoa.

O formato remete a um famoso baú, descoberto depois da morte do poeta, em 30 de novembro de 1935, com mais de 27 mil textos inéditos de Fernando Pessoa.

3 – Caetano Veloso cantou “É Proibido Proibir” no III Festival Internacional da Canção (1968)

Mas, na verdade, André Luís Oliveira conta que sua relação com o poeta começou muito antes disso, no fim dos anos 1960, quando escutou pela primeira vez Caetano Veloso (irmão de Bethânia!) cantando sua composição, É Proibido Proibir, no III Festival Internacional da Canção (1968), em que foi desclassificado junto com Gilberto Gil, que defendia a sua canção Questão de Ordem.

“Uma música / atitude libertária que se antepunha frontalmente ao regime militar que oprimia nossa juventude.

No meio da sua interpretação antológica e contrariando as palavras de ordem ortodoxas da resistência política tradicional, Caetano declamava umas palavras estranhas que se alojaram no meu inconsciente como premissas de um tempo novo, inevitável. Corri atrás dessas palavras e vim a saber, estarrecido, que faziam parte de um conjunto de poemas de um poeta português.

Comprei o livro, as obras então completas (a edição é de 1960), da Editora Aguilar. O poema era D. Sebastião, terceira parte da Mensagem, O Encoberto. A partir daí, uma paixão súbita e definitiva me incendiou o coração e nunca mais parei de ler e amar Fernando Pessoa, seu autor”, conta André.

4 – O disco “A Música em Pessoa” homenageia diversos heterônimos de Pessoa

Em 1985, no cinquentenário da morte de Fernando Pessoa, a cantora e produtora Olívia Hime e a pós-doutora em História da Arte, Elisa Byington, idealizaram o disco A Música em Pessoa – em que convidaram importantes compositores da MPB para homenagear os diversos heterônimos de Pessoa e musicar seus poemas. 

Os compositores e também intérpretes do disco trazem uma diversidade de interpretações, gêneros, arranjos e estilos, exatamente para representar a diversidade dos heterônimos de Fernando Pessoa.

Entre eles, estão:

  • Milton Nascimento;
  • Tom Jobim;
  • Sueli Costa;
  • Francis Hime;
  • Edu Lobo;
  • Arrigo Barnabé;
  • Nana Caymmi;
  • e Dori Caymmi.

5 – Fagner musicou o poema “Qualquer Música” 

Antes disso, em 1982, o cantor e compositor cearense, Fagner, também musicou um poema de Fernando Pessoa Qualquer Música – no disco Fagner.

6 – João Ricardo, na época integrante do conjunto Secos & Molhados, musicou o poema “Não, Não Digas Nada”

Antes ainda, em 1974, o álbum Secos & Molhados, segundo disco do antológico conjunto formado por Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad, trouxe a canção Não, Não Digas Nada, poema de Fernando Pessoa musicado por João Ricardo, na voz impecável e interpretação magistral de Ney Matogrosso.

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