RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Relator do arcabouço quer Fundeb fora do limite e ajuste para evitar corte de até R$ 40 bi

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O texto do novo arcabouço fiscal deve passar por mudanças no Senado Federal para retirar o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) do alcance do limite e fazer ajustes que evitariam um corte de verbas na proposta de Orçamento de 2024 —estimado pelo governo em até R$ 40 bilhões.

Os repasses ao FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal) também devem ficar fora do novo teto. As sinalizações foram dadas nesta quarta-feira (14) pelo relator da proposta, senador Omar Aziz (PSD-AM).

A alteração do texto torna necessária a remessa do projeto de volta à Câmara dos Deputados, que terá a palavra final sobre o projeto. Para evitar atrasos na tramitação, Aziz tem conversado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com quem relatou a proposta na Casa, deputado Claudio Cajado (PP-BA), para fazer as mudanças em comum acordo.

“Eu sei muito bem da importância de colocarmos isso [em votação] semana que vem, de comum acordo com a Câmara. Por isso que eu tenho conversado com o Arthur e o Cajado”, disse o senador. “O Copom [Comitê de Política Monetária] vai se reunir na próxima quarta-feira, dia 21, e eu não quero que amanhã ou depois se justifique que, por não ter aprovado, o juro não caiu”, acrescentou.

A proposta de arcabouço fiscal enviada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê um novo limite de gastos, mais flexível do que o teto aprovado no governo Michel Temer (MDB). A regra prevê a correção das despesas pela inflação mais uma parcela adicional, que varia entre 0,6% e 2,5% ao ano —conforme o ritmo de aumento da arrecadação.

No teto de Temer, as despesas com Fundeb e FCDF ficam fora do limite, modelo que foi replicado pela equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) na proposta original. A Câmara, porém, alterou o texto para incluir esses gastos sob o novo arcabouço.

A medida gerou protestos da bancada do DF, que teme um achatamento dos recursos para o Fundo Constitucional, e dos parlamentares ligados à educação.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, chegou a afirmar que as despesas do Fundeb crescem em ritmo próprio e, ao ficarem sob o limite da regra, poderiam reduzir o espaço fiscal para outras políticas públicas a médio e longo prazo.

“O primeiro ponto na questão do Fundeb é o seguinte. Mesmo que alguns analisem que não vai perder nada, não, é uma questão emblemática. Você não tem que brincar com isso. Amanhã ou depois as pessoas podem dizer que o que nós aprovamos aqui está prejudicando lá na ponta”, afirmou Aziz, justificando a decisão de mudança.

Sobre o FCDF, o senador disse que se sensibilizou com a bancada do Distrito Federal.

“Tira [do arcabouço] porque veja, se Brasília está se achando prejudicada, quem sou eu para prejudicar um estado brasileiro? Nós somos uma federação. Seria a mesma coisa que prejudicar o meu Estado. Eu também não gostaria. Tem que ser justo. O que eu não quero para mim, não quero para os outros”, disse.

Em relação ao ajuste para evitar o corte de gastos na proposta de Orçamento, Aziz afirmou que pretende retomar a proposta original do governo de estabelecer a correção do limite pela inflação de janeiro a dezembro do ano anterior.

O texto da Câmara mudou esse marco temporal para 12 meses até junho do ano anterior, pois o PLOA (proposta de Lei Orçamentária Anual) é enviado até 31 de agosto de cada ano, e os parâmetros são fechados ainda em julho —quando só há dados de inflação disponíveis até junho.

O objetivo da mudança era retirar o componente de projeção, que daria ao governo uma brecha para superestimar a inflação e, assim, poder gastar mais no ano seguinte.

Nesta terça-feira (13), o secretário de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Paulo Bijos, disse que a mudança feita pela Câmara levaria a um corte de até R$ 40 bilhões em despesas de custeio e investimentos públicos na proposta de Orçamento de 2024, pois o governo contava com o uso da inflação de janeiro a dezembro —que tende a ser maior do que a observada em 12 meses até junho.

A permanência do formato aprovado pela Câmara obrigaria a gestão petista a passar a tesoura nos recursos de diversas políticas públicas. Ainda que o próprio arcabouço autorize a recomposição desses valores no ano que vem, propor gastos menores já na largada das discussões seria delicado do ponto de vista político, além de afetar a organização e gestão do Orçamento.

“Há uma preocupação de alguns e minha em relação a você chegar no mês de maio [de 2024] e ter que aprovar PLN [projeto de lei do Congresso Nacional, usado para abrir créditos no Orçamento] para a gente ter recurso para pagar custeio”, disse Aziz. “Em dezembro você tem uma inflação maior, você tem um consumo maior”, acrescentou.

O relator disse que não tem como garantir que a Câmara manterá todas as mudanças feitas pelo Senado, mas afirmou que o diálogo com Lira e Cajado busca um consenso em torno dos temas.

IDIANA TOMAZELLI / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS