RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Às vésperas do aumento dos impostos federais, a Petrobras anunciou, nesta quinta-feira (15), corte de R$ 0,13 por litro no preço de venda da gasolina em suas refinarias. O produto já vinha sendo pressionado pela mudança do modelo de cobrança do ICMS.
Segundo a estatal, a partir desta sexta (16), o litro da gasolina em suas refinarias custará, em média, R$ 2,66. É o menor valor desde fevereiro de 2021, considerando a correção pela inflação, e R$ 1,50 abaixo do recorde de R$ 4,16 atingido em junho de 2022.
Com a redução, a empresa estima que o preço de bomba pode cair a R$ 5,33 por litro. Na semana passada, o valor médio cobrado nos postos do país era R$ 5,42 por litro, R$ 0,21 acima do verificado na semana anterior.
Foi o segundo corte nas refinarias em cerca de um mês o último foi anunciado quando a empresa informou sua nova política de preços, no dia 16 de maio e ajuda o governo a conter a pressão inflacionária que a alta de impostos traz sobre a gasolina.
Além do novo ICMS, que entrou em vigor em junho, o governo federal deve retomar integralmente a cobrança de impostos federais no início de julho. Esses impostos haviam sido zerados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e foram parcialmente reintroduzidos pelo governo Lula em março.
A alíquota integral de PIS/Cofins sobre a gasolina é R$ 0,22 por litro superior à atual. Com a retomada dos impostos, o governo espera obter um reforço de caixa de R$ 22,3 bilhões.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia afirmado que a Petrobras reduziria o preço da gasolina para compensar a alta de impostos, mas voltou atrás após negativa da empresa em comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
O presidente da estatal, Jean Paul Prates, depois afirmou que mudanças nos preços dependeriam das condições do mercado nas semanas seguintes.
No comunicado desta quinta, a empresa diz que a decisão tem como objetivos “a manutenção da competitividade dos preços da companhia frente às principais alternativas de suprimento dos seus clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos de refino”.
Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, avalia que a decisão pelo corte se baseou no fortalecimento do real frente ao dólar, já que as cotações internacionais do petróleo pouco variaram nas últimas semanas.
Ela entende ainda que a empresa tem que lidar com excedente de gasolina de sua principal concorrente no país, a Refinaria de Mataripe, e com o início da safra de cana, que aumenta a oferta de etanol hidratado, que disputa mercado com a gasolina.
Os analistas do banco Goldman Sachs Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins estimam que, mesmo com o corte, as margens de refino da Petrobras se mantêm em níveis saudáveis, embora abaixo dos picos registrados em 2022.
Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras estava R$ 0,13 por litro abaixo da paridade de importação na abertura do mercado desta quinta.
A estatal abandonou esse conceito em sua nova política de preços e vem consistentemente praticando valores abaixo da paridade desde então. A diferença já foi maior do que a atual, chegando a R$ 0,34 por litro no dia 29 de maio.
Embora tenha mantido a estratégia de estimar impacto no preço final, a Petrobras afirma que “o valor efetivamente cobrado ao consumidor final no posto é afetado também por outros fatores como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro da distribuição e da revenda”.
A alta nas bombas da semana passada foi a primeira após um curto período de queda provocado pelo corte do dia 17 de maio. O preço do etanol hidratado também interrompeu um ciclo de queda e subiu R$ 0,03 por litro.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress