PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou procedimento disciplinar e inquérito policial para investigar o que pode ter levado a escrivã Rafaela Drumond, 31, a cometer suicídio no dia 9 deste mês. Os pais dela a encontraram sem vida em Antônio Carlos (MG), município da Zona da Mata.
No dia seguinte à morte, o Sindep (Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de MG) recebeu denúncias, áudios e vídeos por meio de grupos de WhatsApp relatando que a escrivã vinha sofrendo assédio e pressão psicológica no trabalho.
Ela exercia o cargo no município de Carandaí (MG), a cerca de 35 quilômetros de Barbacena (MG), de onde serão comandas as investigações.
Em nota, a Polícia Civil prestou condolências aos familiares, amigos e colegas de Rafaela e reforçou que oferece atendimento psicológico clínico presenciais e por teleconsulta a servidores da ativa, aposentados e dependentes. Em Belo Horizonte, o atendimento ocorre no Hospital da Polícia Civil.
O Sindep divulgou uma nota nesta quarta (14) dizendo que os temas assédio e saúde mental preocupam o sindicato e que a entidade tem orientado os servidores a registrar em áudio e vídeo episódios de assédio para subsidiar o combate a essas práticas.
Nesta quinta (15), foi divulgado um vídeo feito pela própria Rafaela. Nele, a escrivã capta uma discussão em que um homem admite tê-la chamado de “piranha”, depois a chama de “cabecinha fraca” e insinua que, se ela fosse um homem, teria havido agressão física.
Em entrevista coletiva, o chefe da Polícia Civil de Barbacena, Alexander Soares Diniz, responsável pelas investigações, disse que o vídeo foi incluído no inquérito e será submetido a análise técnica. Não houve esclarecimentos sobre onde e quando as imagens foram captadas ou quem está discutindo com a escrivã. O celular de Rafaela também está em posse da polícia para passar por perícia.
De acordo com o Sindep, recentemente Rafaela entrou em contato com o jurídico da entidade para tirar dúvidas acerca de limites da carga horária de trabalho. A diretora do Sindep, Raquel Faleiro, afirmou que a entidade planejava visitar Carandaí para verificar as condições de trabalho no município.
Na terça (13), a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa mineira aprovou um requerimento para convocar a chefe da corporação, delegada Letícia Gamboge Reis, a prestar esclarecimentos a deputados sobre o caso.
CAUE FONSECA / Folhapress