RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O percentual de lares ligados à rede geral de esgotamento sanitário voltou a crescer no Brasil em 2022, mas ainda continuou abaixo de 70%.
É o que apontam dados de uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De 2019 para 2022, a proporção de domicílios diretamente ligados ou com fossa conectada à rede geral de esgoto subiu de 68,2% para 69,5%. O nível era de 66,8% em 2016, ano inicial da série histórica desse indicador.
Os dados integram uma versão da Pnad Contínua sobre as características dos domicílios e dos moradores. Em 2022, a pesquisa estimou o número total de lares do Brasil em 74,1 milhões.
Parte da coleta das informações do IBGE foi afetada pela pandemia de Covid-19 em 2020 e 2021. Por isso, os dados comparam 2022 com 2019.
Segundo a pesquisa, 16,3% dos domicílios tinham fossas sépticas não ligadas à rede geral de esgoto em 2022, enquanto 14,1% apresentavam outros tipos de esgotamento.
A baixa cobertura da rede é um problema crônico do país, afetando principalmente as parcelas mais pobres da população.
O marco do saneamento básico, sancionado em 2020 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estabeleceu metas para a universalização dos serviços de água e esgoto, em uma tentativa de atrair investimentos privados para o setor.
Gustavo Geaquinto Fontes, pesquisador do IBGE, avaliou que o acesso a coleta e tratamento dos resíduos seguiu avançando em ritmo lento de 2019 para 2022. Segundo ele, ainda é cedo para avaliar eventuais impactos do marco do saneamento.
“A gente percebeu que houve um aumento pequeno do percentual de domicílios com rede coletora de esgoto. Se essa expansão é decorrente do marco do saneamento, acho que está cedo para afirmar”, disse.
Em 2022, a região Sudeste teve o maior percentual de domicílios ligados à rede geral: 89,1%. O Norte, por sua vez, registrou a menor proporção, estimada em 31,1%.
Entre os estados, São Paulo teve o percentual mais elevado de domicílios com acesso (93,6%). O Piauí registrou o patamar mais baixo (18%).
A pesquisa ainda traz uma comparação entre as áreas urbanas e rurais do país. Nas urbanas, 78% dos domicílios tinham conexão com a rede geral de esgoto.
Entre os domicílios rurais, apenas 9,4% estavam nessa situação. O IBGE pondera que, no meio rural, a cobertura de alguns serviços de saneamento básico “é factível” em áreas no entorno de centros urbanos.
Enquanto isso, nas regiões mais isoladas ou com baixa densidade populacional, pode ser necessária a busca por “soluções localizadas ou individuais”, diz o instituto.
Nas áreas rurais, 40,2% dos domicílios possuíam fossa séptica não ligada à rede, ao passo que 50,5% se valiam de outro tipo de esgotamento, incluindo fossa rudimentar não ligada à rede, vala e até escoamento direto em rios.
REDE DE ÁGUA ATINGE 85,5% DOS LARES
No caso da água, a rede geral de distribuição foi a principal forma de abastecimento em 85,5% dos domicílios do Brasil em 2022. O percentual permaneceu estável frente a 2019.
Na região Norte, apenas 60% dos lares tinham a rede geral como principal fonte de água. É o menor patamar do país. O Sudeste registrou o maior percentual (91,8%).
Entre os estados, Rondônia teve a proporção mais baixa (48,4%), e São Paulo, a mais alta (96,1%).
O IBGE também apontou que os poços profundos ou artesianos representaram a principal forma de abastecimento de água em 7,8% dos domicílios do Brasil no ano passado.
Poços rasos, freáticos ou cacimbas (2,8%), fontes ou nascentes (2%) e outros mecanismos (1,8%) completaram a lista.
COLETA DE LIXO ALCANÇA 86% DOS DOMICÍLIOS
A pesquisa ainda indica que a proporção de domicílios do país onde o lixo era coletado diretamente por serviços de limpeza subiu de 84,3% em 2019 para 86% em 2022.
No caso das áreas rurais, o principal destino dado aos resíduos foi a queima nas propriedades (51,2%).
ENERGIA ELÉTRICA TEM COBERTURA QUASE UNIVERSAL
A energia elétrica continuou com a maior cobertura entre os serviços essenciais analisados na pesquisa.
O fornecimento de luz via rede geral atingiu 99,4% dos domicílios do país em 2022. O percentual estava em 99,5% em 2019.
LEONARDO VIECELI / Folhapress