Ex-aluno mata estudante e fere outro em ataque a tiros em escola no Paraná

SÃO PAULO, SP E CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Um ataque a tiros no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná, deixou uma aluna de 16 anos morta e outro estudante da mesma idade ferido na manhã desta segunda-feira (19).

De acordo com ao Governo do Paraná e a PM (Polícia Militar), o autor do ataque é um ex-aluno de 21 anos. Ele foi preso e encaminhado para Londrina (PR), cidade vizinha a Cambé.

O estado de saúde do aluno ferido, que está internado, não foi informado.

Ainda não há informações sobre a motivação do ataque.

O Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência) e os bombeiros foram acionados. De acordo com a Seed (Secretaria de Estado da Educação), a escola tem 632 alunos matriculados, dos ensinos fundamental e médio.

Em entrevista à imprensa em Curitiba, o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) disse que informações iniciais apontam que um professor teria segurado o atirador. Segundo Ratinho, o docente teria passado por um treinamento recente, após sequência de ataques a escolas do país nos últimos meses.

“A informação que temos é que o professor que conseguiu mobilizar o ex-aluno foi alguém que passou pelo treinamento feito pela nossa equipe de segurança pública, 60, 90 dias atrás”, disse o governador.

Mais cedo, o Governo do Paraná já havia dito, em nota, que o atirador entrou na escola alegando que solicitaria o seu histórico escolar. O governador decretou luto oficial de três dias e lamentou o episódio.

“É muito difícil prever uma tragédia quando um ex-aluno entra na escola para pedir seu currículo escolar. É diferente de alguém que pula o muro e invade.”

Em entrevista à rádio CBN, a professora Nara Cordeiro relatou como foi a correria para sair da escola.

“Estávamos começando a segunda aula, fazendo chamada, quando ouvimos o barulho dos disparos achando que era bombinha, brincadeira de criança. Os alunos ficaram sem saber o que estava acontecendo, mas, pela movimentação, começaram a correr, porque parece que tava vindo alguém atirando”, disse.

Segundo a professora, rapidamente as ruas da escola foram tomadas pelos estudantes que deixaram a unidade às pressas. “O que eu vi foi um desespero muito grande, alunos saindo pelos arredores da escola desesperados. E eu não sabia o que fazer, se eu voltava para ajudar os alunos que estavam lá [dentro da escola] ou se eu ajudava os meus alunos que estavam aqui.”

Também em entrevista à imprensa, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que ligaria para Ratinho para entender as circunstâncias do crime.

“As informações iniciais que temos são de que autor e vítima se conheciam. É importante saber exatamente as circunstâncias do crime para identificar se é algo associado a esta ideia geral de ataques a escolas ou se era algo específico, entre duas pessoas que se conheciam”, afirmou Dino.

“Nós estamos avançando com aquele trabalho que começamos quando da tragédia de Blumenau. A Secretaria Nacional de Segurança Pública lançou efetivamente o edital com apoio financeiro para estados e municípios, que apresentaram seus projetos. O resultado deve ser divulgado em breve. E os repasses acontecerão”, acrescentou.

O MP-PR (Ministério Público do Estado do Paraná) informou, em nota, que irá acompanhar os desdobramentos do caso no âmbito criminal e cível. Também pediu aos veículos de comunicação e à população em geral que imagens do episódio não sejam divulgadas.

“Como já observado em casos anteriores, tal divulgação pode estimular a ocorrência de novos ataques, além de prejudicar o trabalho de investigação dos órgãos de segurança pública, bem como fomentar um cenário de pânico social que pode ter graves consequências”, diz a nota.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou uma mensagem em suas redes sociais na qual lamentou o ataque em Cambé. Disse que é mais uma vida jovem “tirada pelo ódio e a violência”.

“Recebo com muita tristeza e indignação a notícia do ataque no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no Paraná. Mais uma jovem vida tirada pelo ódio e a violência que não podemos mais tolerar dentro das nossas escolas e na sociedade. É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas escolas. Meus sentimentos e preces para a família e comunidade escolar.”

Políticos do Paraná também se manifestaram sobre o episódio nas redes sociais.

“A violência do brutal ataque em uma escola estadual em Cambé causa indignação e pesar. O assassino foi preso, será julgado e condenado pelo crime bárbaro que cometeu. Como governador e pai a minha solidariedade aos familiares nesse momento de dor tão profunda. Paraná está em luto”, disse o governador Ratinho Junior (PSD).

Os senadores Sergio Moro (União Brasil-PR) e Flávio Arns (PSB-PR) também lamentaram o ataque. “Meu profundo pesar às famílias, alunos e funcionários. Vítimas devem ser lembradas, agressores punidos e esquecidos. Ainda estão sendo apuradas todas as informações sobre o ocorrido, mas deixo aqui minha solidariedade, neste momento de dor”, escreveu Moro.

“Quando uma escola é atacada, todos nós sofremos. Depois do que vivemos no início deste ano e das medidas que foram anunciadas, isso não deveria se repetir. É preciso agir com rigor e atuar de forma mais efetiva na prevenção e proteção das nossas escolas. Minha total solidariedade às famílias das vítimas e à comunidade escolar. Contem com meu apoio irrestrito”, escreveu Arns.

OUTROS ATAQUES

O ataque desta segunda no Paraná é, ao menos, o terceiro registrado em instituições de ensino neste ano com vítimas fatais e comoção nacional.

Na manhã de 5 de abril, um homem de 25 anos invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), e matou quatro crianças. As vítimas são três meninos e uma menina, com idade entre 5 e 7 anos. Uma machadinha e um canivete foram usados na ação, segundo o tenente Márcio Filippi, comandante do 10º BPM (Batalhão da Polícia Militar). Conforme a apuração, o assassino chegou à escola em uma moto, pulou o muro e escolheu as vítimas aleatoriamente. Ao perceber que as professoras correram para proteger as demais crianças, ele tentou fugir pulando novamente o muro. Em seguida, se entregou.

Em 27 de março, a professora de ciências Elisabeth Tenreiro, 71, foi morta em um ataque na escola estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo. Ela era descrita como apaixonada pelas filhas e pelos netos. Um aluno de 13 anos a atacou com uma faca pelas costas.

O agressor também feriu dois alunos e outras três professoras. O adolescente, que era aluno do 8º ano do ensino fundamental na escola, foi apreendido.

FRANCISCO LIMA NETO E CATARINA SCORTECCI / Folhapress

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