SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma operação do Exército de Israel na Cisjordânia, com o apoio de um helicóptero, algo raro, deixou nesta segunda (19) ao menos cinco mortos, incluindo um adolescente, além de 91 feridos, segundo o Ministério da Saúde da Palestina. As ofensivas voltaram a agravar a delicada situação de segurança na região.
Autoridades israelenses disseram que combates intensos foram travados após tropas do país serem atacadas em uma ação para capturar integrantes da organização extremista Jihad Islâmico no campo de refugiados de Jenin. Pelo menos sete militares de Israel ficaram feridos, de acordo com Tel Aviv.
Segundo o Exército israelense, os soldados foram surpreendidos por ataques com fogo pesado e o uso de artefatos explosivos. Por isso, ainda de acordo com as Forças Armadas do país, foi necessário executar uma missão para resgatar militares e veículos que ficaram bloqueados nas zonas de combate.
Um helicóptero militar israelense disparou pelo menos dois mísseis durante a ação, segundo a agência de notícias AFP. Foi o primeiro uso de uma aeronave na Cisjordânia ocupada desde o segundo levante palestino, cerca de duas décadas atrás, relatou o jornal The Times of Israel.
Tel Aviv disse que a operação ocorreu numa “área muito problemática” e que ao menos dois militantes do Jihad Islâmico foram mortos. Já autoridades da Palestina afirmam que civis foram atingidos. O Ministério da Saúde palestino identificou as vítimas como Khaled Asasa, 21, Qais Jabarin, 21, Ahmed Daraghmeh, 19, Ahmed Saqr, 15, e Qassam Abu Saria, 29, que era um combatente da facção, segundo o Jihad em nota.
O vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Rub, disse que o Exército israelense entrou no campo de refugiados por volta das 4h, no horário local (22h de domingo em Brasília), e que as forças de Israel e militantes palestinos se enfrentaram em combates violentos de quase dez horas.
De acordo com Mai al Kaila, ministro da Saúde da Palestina, a situação nos hospitais era crítica ele pediu o envio urgente de remédios, bolsas de sangue e outros suprimentos médicos. Entre os feridos está o jornalista freelance Hazem Nasser, que vestia um colete que o identificava como profissional de imprensa e foi baleado na região do abdômen. Ele está hospitalizado em estado grave.
O tenente-coronel Richard Hecht, porta-voz do Exército israelense, afirmou que as forças israelenses continuavam sob fogo cruzado na tarde desta segunda, e os soldados ainda tentavam recuperar cinco veículos que ficaram bloqueados em Jenin. “[A operação] vai levar horas e será muito difícil. Há muitos tiros”, disse. Segundo ele, um dos blindados usados para transporte de tropas foi danificado por um artefato explosivo de potência “muito incomum”, e soldados ficaram presos no veículo por horas.
O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, prometeu usar todos os recursos para atacar os “elementos terroristas, onde quer que estejam”. Já o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, manifestou preocupação e denunciou o “uso excessivo da força” por parte das forças israelenses.
Jenin, reduto de grupos armados no norte da Cisjordânia, é um território palestino ocupado por Israel desde 1967. A região é alvo frequente de ofensivas israelenses que buscam capturar extremistas.
“Estamos no meio de uma batalha global em todas as frentes, que exige a unidade do nosso povo contra esta agressão”, afirmou o ministro palestino de Assuntos Civis, Hussein al Sheikh.
A situação é delicada e tem potencial para escalar a violência regional, disse Atta Abu Rmeileh, porta-voz do Fatah, facção do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Segundo ele, militantes das cidades vizinhas de Nablus e Tulkarem chegaram a Jenin para apoiar os combatentes locais. “Nosso povo vencerá, e o diálogo será apenas no campo de batalha.”
As tensões na região aumentaram após a morte, no mês passado, de Khader Adnan, líder do Jihad Islâmico, por greve de fome. Ele estava preso sob a custódia de Israel e era acusado de incentivar verbalmente a violência. Autoridades israelenses afirmam que o militante havia recusado consultas médicas e tratamento, mas organizações de direitos humanos dizem que a morte poderia ter sido evitada
Na ocasião, a facção extremista jurou vingança pelo palestino e disparou foguetes em direção a Israel, em ação que não deixou vítimas. Em nota, o grupo extremista informou que a morte de Adnan havia sido “honrosa” e que Tel Aviv pagaria o “preço pelo crime”. Desde o início do ano, ao menos 162 palestinos, 21 israelenses, uma ucraniana e um italiano morreram no conflito entre Israel e palestinos, segundo a AFP.
Uma das operações mais letais foi em janeiro, quando dez palestinos foram mortos por forças de Israel.
Redação / Folhapress