SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No terceiro dia de confrontos entre Israel e Palestina –o desta quarta (21) deixou três mortos–, a coalizão do premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou planos para ampliar a ocupação de colonos israelenses na Cisjordânia.
Segundo o gabinete mais à direita da história do país, o plano é avançar com mil novas casas no assentamento de Eli, o que potencialmente duplicaria a população no local. A declaração não detalhou o cronograma do projeto nem deixou claro se o número inclui as 500 casas que já estavam programadas para aprovação na próxima semana.
A Cisjordânia, uma das áreas em que os palestinos querem estabelecer um Estado independente, assiste a crescentes níveis de violência enquanto as negociações de paz patrocinadas pelos Estados Unidos estão paradas há quase dez anos. O território é ocupado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Durante esse período, o país avançou com assentamentos que a maioria das potências mundiais considera ilegais –Washington, por exemplo, costuma pedir a seu aliado para não prosseguir com projetos como o que foi anunciado nesta quarta. Atualmente, cerca de 490 mil israelenses convivem com quase 2,6 milhões de palestinos no local.
“Nossa resposta ao terrorismo é atacá-lo com força e construir nossa terra”, afirmou o gabinete de Netanyahu em comunicado. A declaração indica que o projeto é mais uma da sequência de retaliações dos últimos dias, que gerou uma onda de violência na região.
Nesta quarta, um drone israelense matou três militantes na Cisjordânia, e mais de 200 colonos israelenses entraram na cidade palestina de Turmus Ayya, onde incendiaram terrenos agrícolas e dezenas de casas e veículos. Em meio ao ataque, mataram um palestino a tiros e feriram outros 12, segundo o Ministério da Saúde palestino.
Jornalistas da agência de notícias AFP viram casas e edifícios queimados no local, além de feridos sendo transportados por ambulâncias. “Os colonos atiraram contra nós e, quando a polícia e o Exército israelense chegou, lançou balas de borracha e gás lacrimogêneo”, disse à agência o morador Awad Abu Samra.
O Exército de Israel afirmou que as forças de segurança entraram na cidade para “acabar com as chamas, evitar confrontos e coletar evidências” depois que “civis israelenses queimaram veículos e propriedades palestinas”.
À noite, foi registrado outro episódio de violência. Israelenses entraram no povoado de Urif e os moradores os repeliram com pedras, segundo o prefeito Abdelhakim Shehada. No dia anterior, ataques de colonos já haviam sido registrados em diversas localidades no norte da Cisjordânia, deixando dezenas de pessoas feridas, segundo o Crescente Vermelho palestino.
Os EUA condenaram a violência dos colonos e pediram que as autoridades israelenses “parem imediatamente a violência, protejam os civis americanos e palestinos e processem os responsáveis”. O Egito e a Jordânia, que mantêm relações diplomáticas com Israel, também condenaram os ataques.
O extremista ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, porém, fez apelos por ações mais duras. “Precisamos de uma operação militar, precisamos demolir prédios, precisamos de mortes seletivas”, disse ele ao Parlamento. “É assim que você age contra o terrorismo.”
Os ataques são uma retaliação a uma agressão de militantes do Hamas na terça (20) que matou quatro israelenses e feriu outros quatro. O ataque do grupo islâmico, por sua vez, foi uma resposta a uma operação com helicóptero do Exército de Israel na Cisjordânia que deixou sete palestinos mortos e mais de 90 feridos na véspera.
A ofensiva com drone isralense desta quarta matou três pessoas –o Exército disse que um grupo de militantes foi identificado em um veículo depois ter realizado um ataque a tiros perto da cidade de Jalamah. Uma declaração do grupo militante Jihad Islâmica disse que duas das vítimas eram seus combatentes, enquanto a terceira era do braço armado do movimento Fatah.
Embora drones de vigilância sejam comuns, o ataque com o aparelho foi o primeiro dos militares israelenses na Cisjordânia desde 2006, segundo o exército.
Desde o começo do ano, 166 palestinos, 21 israelenses, um ucraniano e um italiano morreram no conflito, de acordo com um balanço feito pela AFP com base em fontes oficiais de ambos os lados.
Uma delas é a palestina Sadil Naghnaghiya, de 15 anos, que morreu nesta quarta em decorrência de ferimentos provocados pela operação israelense em Jenin na segunda (19). Foram suas colegas de escola que, aos prantos, carregaram seu caixão. Outros seis palestinos, incluindo outro adolescente de 15 anos e um combatente da Jihad Islâmica, morreram na mesma operação, segundo o Ministério da Saúde.
Redação / Folhapress