SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O sargento da Polícia Militar Claudio Henrique Frare Gouveia, 53, que matou dois colegas com tiros de fuzil no prédio da 3ª Companhia do 50º BPMI (Batalhão de Polícia Militar do Interior), em Salto, no interior de São Paulo, tornou-se réu e vai responder por dois homicídios duplamente qualificados -motivo fútil e uso de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.
O caso ocorreu no último dia 15 de maio. Gouveia matou o sargento Roberto da Silva e o capitão Josias Justi, seu superior e alvo principal, segundo a investigação.
O PM se entregou logo após cometer o crime e está detido no Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo.
O advogado Rogério Augusto Dini Duarte, que representa o sargento, não deu detalhes sobre a estratégia da defesa.
De acordo com a Promotoria, o crime foi motivado por divergências a respeito da escala de trabalho.
Declarações de Gouveia foram registradas em vídeo gravado logo após o crime, com o PM já algemado. As imagens foram divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, no dia 21 de maio.
“Não aguento mais. Não estou dormindo. Meu casamento acabou”, diz Gouveia no vídeo. “Ele não devia ter destruído a minha vida, ele destruiu a minha vida. Então é isso aí, elas por elas. Esse é o motivo pelo qual aconteceu. Porque em nenhum momento ele voltou atrás e ninguém transferiu esse cara daqui. Então, eu não tenho o que fazer. Acabou. Se alguém quiser ouvir é isso aí, esse é o depoimento, tá bom? Muito obrigado.”
Segundo os autos, nove tiros de fuzil foram disparados contra uma das vítimas, enquanto a outra foi atingida por quatro tiros.
O capitão Josias Justi da Conceição Junior, 39, comandava a base da PM em Salto. Ele deixou a esposa e dois filhos, uma menina de 5 anos e um menino de 3. De acordo com o Batalhão, o capitão estava na corporação havia 18 anos.
O 2º sargento Roberto Aparecido da Silva, 52, deixou a esposa, e três filhos de 29, 18 e 15 anos. Segundo o Batalhão, o sargento estava na PM havia 21 anos.
Antes do episódio, Gouveia era conhecido por seu comportamento gentil. Ele também costumava jogar hóquei e era instrutor de patinação.
OUTROS CASOS
No dia 14 de maio, um policial civil foi preso sob suspeita de matar a tiros quatro colegas numa delegacia em Camocim (CE), cidade a 350 quilômetros de Fortaleza.
Ele chegou a fugir numa viatura da corporação, mas se entregou num quartel da Polícia Militar logo em seguida. Ainda não há informações sobre a motivação do crime.
As vítimas foram os escrivães Antonio Claudio dos Santos, Antonio José Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira, e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira.
Em 5 de abril, em São Paulo, um capitão e um cabo da Polícia Militar mataram a tiros um sargento em um batalhão no Jardim Santa Emília, na zona sul.
O capitão Francisco Laroca disparou três vezes contra o sargento Rulian Ricardo durante um desentendimento dentro da 4ª Companhia do 46º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano. O motorista que acompanhava Laroca, o cabo identificado como Rizzo, efetuou um quarto disparo.
Rulian foi atingido no pescoço e na região do tórax. Ele foi prontamente socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Laroca é capitão da PM paulista desde novembro de 2020. Antes disso, esteve no Corpo de Bombeiros, também como capitão, por 12 anos. Ele também é suplente na Câmara Municipal de São Paulo -filiado ao PSB, obteve 2.275 votos na última eleição.
Rulian ingressou na corporação em junho de 2006. Em 2020, quando atuava em Franca, no interior paulista, ele salvou uma criança que havia se engasgado com uma moeda de R$ 0,10 e foi homenageado na cidade.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress