BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A exoneração de Gabriel Galípolo da secretaria-executiva do Ministério da Fazenda e a nomeação de Dario Durigan para seu lugar deve provocar uma reconfiguração de funções na pasta comandada por Fernando Haddad.
Com um perfil de gestor, Durigan deve exercer um papel voltado à articulação interna das políticas do órgão e na administração do cotidiano da Fazenda, cuidando para fazer a interlocução das diferentes áreas internas e desatar nós que costumam surgir na discussão das propostas.
Seu antecessor adotava um estilo distinto. Desde a transição de governo até o fim de seus quase seis meses no cargo, Galípolo manteve uma inserção importante nas rodas políticas de Brasília, participando da negociação de medidas importantes -como o novo arcabouço fiscal.
A aposta nos bastidores da Fazenda é que Durigan tenha uma atuação mais gerencial e não tão inserida na arena política. O papel desempenhado até agora por Galípolo, por sua vez, seria dividido com o atual chefe de gabinete de Haddad, Laio Correa Morais, que mantém bom trânsito no meio político.
Outra diferença entre os dois está na formação: enquanto Galípolo é economista, Durigan é advogado.
Quando o nome do novo ocupante da cadeira foi divulgado, surgiram receios no governo sobre o ritmo das decisões a partir da troca. Também houve dúvidas sobre como seria sua atuação em um cargo de liderança de um ministério tão grande como a Fazenda, que conduz temas que vão da política fiscal a medidas de crédito, e no diálogo com outros membros do Executivo e do Congresso.
Apesar da expectativa de redistribuição de funções, pessoas próximas a Durigan afirmam que ele tem credenciais e habilidade para atuar na articulação de propostas, se assim for necessário.
Ele já ocupou diferentes cargos na administração pública: foi assessor na SAJ (Subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil) no governo Dilma Rousseff (PT) e servidor efetivo da AGU (Advocacia-Geral da União), além de ter assessorado Haddad na Prefeitura de São Paulo. Antes de ser convidado para o cargo na Fazenda, ele estava no setor privado, como diretor de políticas públicas do WhatsApp.
Em ambas as experiências, ele precisou atuar como interlocutor de diferentes atores no Congresso, no Judiciário e nos órgãos de controle.
É mencionado que, na SAJ, Durigan participou da coordenação técnica, da formulação e da articulação de políticas públicas -o que também é visto como credencial para o cargo.
No setor privado, trabalhou para o WhatsApp durante as negociações do projeto de lei das Fake News no Congresso Nacional e também durante o último período eleitoral.
A atuação do WhatsApp nas eleições de 2018 foi criticada diante do disparo massivo de informações falsas, algo que foi minimizado pelo Judiciário e por partidos políticos após uma postura considerada mais colaborativa da plataforma.
A visão mais branda sobre a plataforma teve influência da atuação de Durigan, segundo membros do próprio Judiciário. Ele assumiu a diretoria de políticas públicas da rede social em janeiro de 2020 e, na função, o agora secretário-executivo precisou manter uma interlocução frequente com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e com o STF (Supremo Tribunal Federal).
IDIANA TOMAZELLI / Folhapress