Do apartamento compacto ao alto padrão, cozinha ganha status de área social

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A pandemia transformou a forma como as famílias interagem com suas casas e, em particular, com a cozinha.

O cômodo deixou de ser apenas um espaço para preparar refeições e se tornou um ambiente integrado à área social.

Em resposta a essa tendência, o mercado imobiliário aumenta a aposta em projetos com menos paredes, valorizando cozinhas amplas e abertas. Integrar esse espaço com a sala de jantar era uma solução para otimizar o espaço em apartamentos compactos. Atualmente, essa junção é um desejo também para imóveis de luxo.

Segundo especialistas, a conexão reflete a mudança de estilo de vida e as novas demandas dos clientes em São Paulo, Rio e Belo Horizonte.

No Casa Alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, os apartamentos de 327 m² têm quatro suítes, varanda gourmet e uma cozinha cuja área integrada total chega a 50 m² —maior do que um imóvel compacto na mesma região. O preço de uma unidade no empreendimento parte dos R$ 9 milhões.

“Após a pandemia, o comportamento de consumo no mercado imobiliário passou por transformações. Vimos nossos clientes buscarem por unidades mais amplas, que se adequassem às necessidades atuais”, diz João Paulo Laffront dos Santos, diretor de Incorporação da Even.

“O home office e os espaços de convívio privativos mais espaçosos foram pontos bastante positivos em nossos projetos. A cozinha ampla e o maior número de quartos por unidade entram nessa lista.”

Fernando Nabuco, gerente de marketing da Avanço Realizações Imobiliárias, concorda que cozinhas integradas e áreas gourmet são diferenciais em projetos de altíssimo padrão, “sendo um ponto decisivo na aquisição do imóvel”.

“A ideia é que a cozinha deixe de ser uma área de serviço como em projetos mais antigos”, afirma.

Nabuco toma como base a comercialização das unidades do Playa Exclusive Residences, localizado na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio). Das 14 casas do empreendimento, apenas duas serão entregues sem a opção de cozinha integrada. As unidades custam a partir de R$ 20.252 o m².

“A busca por ambientes integrados e que permitam maior conforto no convívio social e familiar se fortaleceu após a pandemia. Uma tendência que ganhou destaque foi a cozinha mais amplas, com espaços dedicados às refeições rápidas, trazendo maior praticidade à rotina dos moradores”, disse João Paulo Laffront dos Santos.

No Iluminato, em Botafogo (zona sul do Rio), a primeira coluna a ser vendida foi a que tinha a opção de planta da cozinha em ilha, 100% integrada à sala, de acordo com Thiago Balassiano, da Balassiano Engenharia. O empreendimento tem unidades cujo metro quadrado custa R$ 17 mil.

“Outro exemplo é o Vista Ipanema, projeto de alto padrão que a Balassiano Engenharia e o Opportunity Imobiliário estão lançando. Até nas plantas de andar inteiro, que têm mais de 340 m², temos uma sugestão com cozinha aberta integrada à sala, sempre com uma ilha, justamente por conta desta mudança cultural do público.”

A Tegra Incorporadora também levou o conceito para seu projeto Claris Casa & Clube, também em Ipanema. As 99 casas —de quatro andares e metragens de 318 m² a 580 m²— terão a cozinha no andar térreo, destinado à convivência social.

“O que delimita esse ambiente é uma bancada em formato de ilha, em frente à sala de jantar e bem ao lado do espaço gourmet e de um quintal verde, onde o morador pode instalar até uma piscina”, diz João Mendes, diretor de incorporação e comercial da empresa.

A SIG Engenharia é outra empresa que oferece aos clientes a opção de integrar a cozinha a outros ambientes. “Tem sido grande o percentual de opção por este tipo de planta”, diz a diretora Fernanda Grimberg.

“Acreditamos que isto se dá em função da dinâmica da família moderna, com os moradores assumindo cada vez mais a função de cozinhar. Ao abrir a cozinha para o ambiente da sala, criamos uma integração que passa a percepção de espaços maiores, mesmo sem o aumento real de metragem quadrada”, afirma.

A expansão da área de convivência não significa aumento de metragem do imóvel. O setor está otimizando as plantas e os métodos de construção para atrair os consumidores.

Nos produtos econômicos, a solução encontrada para atender essa demanda por cozinhas maiores e mais utilizáveis penaliza a área de serviço, que tem seu espaço reduzido ou é substituída por lavanderia coletiva na área comum dos prédios.

“Num apartamento de 34 m² se coloca um ponto de lava e seca e uma bancada, que pode ser utilizada para a cozinha também. O espaço é aberto e a sala de jantar acaba indo para a varanda”, explica Renée Garófalo Silveira, diretora de Incorporação da Plano & Plano.

Nos imóveis com maior área útil, as plantas incluem de despensa e adega à saída adicional e mesa para café.

“Especialmente nas grandes metrópoles, os apartamentos e espaços privados estão diminuindo em tamanho. Assim, vemos uma tendência de cozinhas integradas, abertas, fato que era mais comum em imóvel menores, mas que agora já se amplia a todo tipo”, afirma Renata Tavares, gerente de marketing da Canopus.

Para Renato Mauro Filho, CEO da REM, a demanda por cozinhas espaçosas varia de acordo com a localização. “Na zona leste [de São Paulo], por exemplo, os consumidores querem cozinhas maiores. É o estilo de vida dos moradores da região”, diz.

Na zona oeste da capital paulista, a construtora reservou 9,72 m² para a cozinha dos apartamentos de 184 m² do Marcco. Já no seu empreendimento da Mooca (zona leste), um imóvel de 160 m² será projetado com uma cozinha de 12,33 m². A diferença no valor do metro quadrado entre as duas regiões é de R$ 1 mil.

ANA PAULA BRANCO / Folhapress

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