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Os grandes ausentes

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Os grandes ausentes

Necessariamente, devo confessar o meu horror aos acadêmicos ou, melhor dizendo, a quase todos acadêmicos. Sem dúvidas alguns escapam. Mas a maioria não vale nossas menores ilusões. Há quem me pergunte se esse horror é recente ou antigo, eu diria que é tão antigo quanto às múmias de achaque do Egito.
Tenho observado, ao longo de minha vida, que o acadêmico está a milímetros do cinismo, do ridículo da vida! Encerrados em seus jardins, não percebem o que ocorre diante de seus narizes. Diariamente, recebo dezenas de mensagens de ex alunos que, em busca de alguma formação intelectual, encontram nas universidades que frequentam apenas superficialidades subginasianas.


A tragédia do estudante sério no Brasil é tão grande que já não se pode medi-la. Num panorama internacional inteiramente dominado por charlatães como Noam Chomsky, Jacques Derrida, Michel Foucault, entre outros, o universitário brasileiro consegue descer ainda mais ao inferno ao ler: Beto & Boff, Cortela, Tiburi, Karnal, Barros et caterva.


É tudo farsa, chanchada, pose, não há quem não acabe se acomodando com essa circunstância, como se fosse natural em uma conversa de cinco minutos com qualquer pangaré formado em humanas ouvir termos como “sociedade líquida” e “amores líquidos”. Entendo que é até razoável a tese do Zygmunt Bauman, mas ouvir todos, repito: todos os historiadores, sociólogos, psicólogos, pedagogos etc dizendo a mesma coisa, em coro uníssono, chega a dar náuseas.
Vale lembrar que na mesma época de alguns desses charlatães floresceram gênios como Louis Lavelle, Edmund Husserl, Bernard Lonergan, Karl Jaspers, Benedetto Groce, José Ortega y Gasset – e na literatura Thomas Mann, Franz Kafka, Ezra Pound. A lista é vasta, mas se tornaram ausentes, para não dizer inexistentes, aos acadêmicos brasileiros.


A única saída, que enxergo, num ambiente tão baixo, tão torpe, é a formação de pequenos grupos decididos a adquirir uma formação intelectual sólida, sem se preocupar com o oficialismo acadêmico, até que chegue o determinado momento em que seja possível dar de dez a zero, não somente nos alunos dessas universidades, mas nos próprios professores.