RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O processo de renovação tão buscado e comentado pela técnica Pia Sundhage na seleção brasileira feminina terá mais um capítulo importante nesta terça-feira (27), quando a treinador divulgará suas 23 convocadas (e três suplentes). Depois das Olimpíadas com poucas alterações, as escolhidas para a Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia serão bem diferentes.
O período de treinamentos da seleção na Granja Comary, em Teresópolis, foi também uma forma que a comissão teve para sanar possíveis dúvidas. Entre as atletas que ainda não têm uma vaga garantida estão três expoentes dessa nova geração: Ana Vitória, Angelina e Nycole, todas de 23 anos.
Em entrevista ao UOL em março, antes da última Data Fifa, a técnica Pia Sundhage afirmou que a lista já estava praticamente fechada.
SITUAÇÕES DIFERENTES
As três passaram juntas pelas seleções de base e chegam em momentos distintos nos últimos dias antes da convocação.
Angelina foi uma ótima notícia ao longo desse período. Liberada do OL Reign para aprimorar a parte física, ela passou por 11 meses de recuperação após romper o ligamento cruzado do joelho e agora depende da avaliação da comissão para saber se tem chances na Copa. Em boas condições, seria até considerada titular.
Jogadoras do Benfica nos últimos anos, Ana Vitória e Nycole se destacaram em Portugal. A meio-campista fez 20 gols em 39 jogos, enquanto a atacante balançou a rede 16 vezes em 37 partidas.
Ana Vitória acabou sendo convocada algumas vezes como alternativa para lesionadas. Já Nycole é versátil, mas foi cortada na última lista por lesão.
“A cabeça está a mil, vou confessar. É uma expectativa muito grande porque é o sonho de todas nós. Sabemos que nem todas irão, evidentemente que a cabeça fica na expectativa. Mas a gente descarrega essa certa ansiedade dentro de campo trabalhando, dando nosso melhor para que quem esteja representando o Brasil esteja 100%”, disse Ana Vitória ao UOL.
“Foi um caminho realmente muito longo para chegar onde estamos hoje. Eu estou nas categorias de base da seleção desde os meus 14 anos junto com a Angelina que veio comigo desde pequena, a Nycole também esteve muito tempo aqui conosco. Lembramos quando estivemos aqui na Granja seis, sete anos atrás e eu olhava para as meninas da principal se preparando, sonhava em estar onde estamos hoje. Passa esse filme na cabeça, a memória da primeira convocação, passa tudo”, completou.
ESTREANTES E VETERANAS
Estão na Granja Comary a goleira Natascha (Basel-SUI), as defensoras Tainara (Bayern de Munique-Alemanha), Kathellen (Real Madrid-Espanha), Rafaelle (sem clube), Antonia (Levante UD-Espanha), Mônica (Madrid CFF-Espanha) e Lauren (sem clube), as meias Ana Vitória (ex-Benfica e a caminho do PSG), Angelina (OL Reign-EUA) e Andressa Alves (ex-Roma e a caminho do Houston Dash), e as atacantes Gabi Nunes (sem clube), Nycole (Benfica) e Geyse (Barcelona).
Deste grupo, disputariam a primeira Copa do Mundo Natascha (25 anos), Tainara (24), Antonia (29), Lauren (20), Ana Vitória (23), Angelina (23), Gabi Nunes (26) e Nycole (23).
Estiveram na França em 2019 Kathellen, Mônica, Geyse e Andressa Alves, que também foi à Copa de 2015. Rafaelle, que se lesionou em 2019, estava no grupo do Mundial no Canadá.
“Acho que são ciclos. É natural. O importante é que as gerações que estão vindo são de muita qualidade. O futebol feminino tem evoluído muito. Essas novas gerações vão ser cada vez melhores. É importante ir dando oportunidades enquanto as mais experientes ainda estão aí para passar o bastão e nos ensinar. Imagina, consegue mesclar juventude com experiência porque é muito importante para nós também”, falou Ana Vitória.
“Estamos tentando aprender e trocar experiência umas com as outras. A Copa de 2019 foi uma, essa será outra. Tem muita menina experiente de formas diferentes, por ter jogado fora. Todo dia é um aprendizado e uma troca. Estamos tentando melhorar juntas e construir algo importante”, avaliou Kathellen, que tenta ir para a segunda Copa.
Algumas atletas dificilmente ficarão fora da lista final de Pia Sundhage, mas outras ainda tentam aproveitar os últimos momentos para mostrar que merecem estar entre as 23 convocadas.
Além das três mais jovens já citadas, são os casos, por exemplo, de Natascha, Gabi Nunes e Andressa Alves.
“É a Copa do Mundo, é meu sonho, da minha família, meus amigos. Ansiedade está a mil. Não vejo a hora de chegar terça-feira, o coração vai explodir com certeza. Passa um pouco de medo de não estar na lista, mas também prazer de estar aqui. Por mais que não esteja na lista final, faz parte disso, ajudando as outras meninas a se prepararem. No final o que vale é o Brasil”, comentou Andressa.
LUIZA SÁ / Folhapress