SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) variou 0,04% em junho, no segundo mês seguido de desaceleração, informou nesta terça-feira (27) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A variação em maio foi de 0,51%, e em abril, de 0,57%. Em junho do ano passado, o índice subiu 0,69%. No período de 12 meses, o IPCA-15 ficou em 3,40%, o menor desde setembro de 2020, quando acumulava 2,65%.
Apesar da desaceleração, o resultado ficou acima do projetado por analistas consultados pela agência Bloomberg, que previam variação mensal de 0,01%. Economistas ouvidos pela Reuters previam queda no período.
O resultado do mês de junho foi influenciado principalmente pelo preço da gasolina, que registrou queda de 3,40%. Segundo o IBGE, o combustível foi o subitem com o maior impacto individual no IPCA-15 de junho.
Na semana encerrada em 23 de junho, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) registrou o segundo corte seguido no preço médio do litro da gasolina depois de a Petrobras ter reduzido o valor de venda da gasolina nas refinarias em R$ 0,13.
Os demais combustíveis analisados na pesquisa também tiveram queda. O óleo diesel recuou 8,29%, o etanol, 4,89%, e o gás veicular, 2,16%. Ainda no grupo dos transportes, os carros novos tiveram queda de 0,84% no índice de junho.
Os alimentos e bebidas foram outra importante influência no resultado do IPCA-15 em junho. O grupo registrou deflação, ou seja, variação negativa de 0,51%, depois de uma alta de 0,94% no mês anterior. Segundo o IBGE, as principais quedas de preços vieram de óleo de soja (-8,95%), frutas (-4,39%), leite longa vida (-,144%) e carnes (-1,13%).
Na véspera da divulgação, a analista Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena, projetava uma variação mensal de 0,02%, já sob impacto da medida provisória que concede descontos para a compra de carros novos e da queda de preços de alimentos, principalmente leite e carnes.
A alimentação no domicílio teve redução de 0,81% em junho e a alimentação fora de casa desacelerou de 0,73%, em maio, para 0,29%, em junho.
Dos nove grupos de despesas pesquisados no IPCA-15, o IBGE disse ter verificado alta em seis deles. Entre os impactos positivos (de aumento de preços), o mais importante veio dos gastos com habitação, que variaram 0,96%.
O reajuste de tarifas de água e esgoto a partir do fim de abril em São Paulo, Curitiba, Recife e Belém contribuíram para esse subitem registrar variação de 3,64% em junho. Houve ainda o reajuste da tarifa de energia elétrica (variação de 1,45% em junho) em cidades como Belo Horizonte, Recife, Salvador e Fortaleza.
Nas despesas pessoais, o reajuste no preço das apostas em loterias, a partir do do fim do mês de abril, foi o principal impacto sobre o grupo, que registrou variação de 0,52% no mês. O reajuste dos planos de saúde, autorizado em 13 de junho, já apareceu no resultado de junho, segundo o IBGE. A variação dessa despesa ficou em 0,38%, e do grupo saúde e cuidados pessoais, em 0,38%.
O índice oficial de inflação no Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também divulgado pelo IBGE.
Como a variação do IPCA é calculada ao longo do mês de referência, o resultado de junho ainda não está fechado.
O IPCA-15 sinaliza uma tendência para os preços. Sua variação costuma ser calculada entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência dos dados. No caso do índice de junho, a pesquisa foi realizada entre os dias 16 de maio e 14 de junho.
Em 2023, o centro da meta de inflação definido pelo BC (Banco Central) para o IPCA é de 3,25%. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais (4,75%) ou para menos (1,75%). O resultado em 12 meses até junho, segundo o IPCA-15, de 3,80%, está está abaixo do teto.
Analistas esperam, no entanto, que haja uma aceleração na variação a inflação a partir do segundo semestre. O boletim Focus, do Banco Central, da última segunda-feira (26), projeta que o IPCA em 2023 fique em 5,06%. É menos do que se esperava na semana anterior (5,12%) e a sexta queda consecutiva nas projeções.
FERNANDA BRIGATTI / Folhapress