BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) atacou nesta quinta-feira (29) o seu antecessor no cargo, Jair Bolsonaro (PL), afirmando que ele era um “sabidinho” e um “cidadãozinho” que quis dar um golpe de Estado por não aceitar o resultado das eleições.
A declaração foi dada no dia em que Bolsonaro pode ficar inelegível, com o terceiro dia de julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Discursos antidemocráticos do ex-presidente foram considerados no voto do relator da ação, ministro Benedito Gonçalves.
“Não tivemos um cidadão aqui, um sabidinho que não quis aceitar o resultado eleitoral? Não tivemos um cidadãozinho aqui que quis dar golpe no dia 8 de janeiro? Tem gente que não quer aceitar o resultado eleitoral”, afirmou Lula à Rádio Gaúcha, acrescentando que ele foi derrotado por Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso e aceitou o resultado dos pleitos.
O presidente deu entrevista na manhã desta quinta-feira à principal emissora de rádio do Rio Grande do Sul e vai visitar o estado nesta sexta-feira (30), onde cumpre agenda em Porto Alegre e em Viamão.
As falas contra Jair Bolsonaro foram proferidas no momento em que o presidente era questionado sobre por que ele e demais integrantes do seu governo não reconheciam que o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, não era uma democracia.
Lula então ressaltou que aquele país teve mais eleições que o Brasil nos últimos anos. Em seguida, desviou o foco e passou a falar da política interna brasileira e dos atos golpistas de 8 de janeiro. Então passou a criticar Bolsonaro, embora sem citá-lo nominalmente.
Em outro momento, Lula retomou as críticas contra Bolsonaro afirmando que o ex-presidente até hoje critica a seriedade das urnas eletrônicas. Os ataques às urnas, em particular a reunião com embaixadores para atacar o sistema eleitoral brasileiro, estão no foco da ação do PDT que pode tornar o ex-mandatário inelegível.
Na manhã desta quinta, o TSE voltou a julgar a ação contra Bolsonaro. Na terça (27), o corregedor-geral do TSE, Benedito Gonçalves, votou para tornar o ex-presidente inelegível até 2030.
Protocolada pelo PDT, a ação acusa Bolsonaro de ter cometido abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação na reunião com embaixadores em julho de 2022. Na ocasião, o então presidente fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral.
O corregedor-geral Benedito Gonçalves afirmou que não é possível fechar os olhos para discursos antidemocráticos com mentiras e discursos violentos, criticou a banalização do golpismo e destacou a epopeia de ataques do ex-presidente com uso da imagem das Forças Armadas.
RENATO MACHADO / Folhapress