SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Mercado Livre vai trabalhar com pequenos e médios lojistas do Brás, região de comércio popular de São Paulo, para ampliar sua participação no varejo online de moda.
O anúncio coincide com o avanço das plataformas de origem asiática sobre o consumidor brasileiro -a Shein, a principal delas no segmento de roupas e acessórios, já fatura mais do que Marisa e está próxima do resultado de redes tradicionais como Riachuelo e C&A.
O projeto-piloto já está funcionando há cerca de três semanas e inclui consultoria para os vendedores, frete grátis a partir de R$ 79,90, auxílio para cupons de desconto e até fotos dos produtos em alta qualidade. A plataforma quer atrair, nessa primeira etapa, 400 vendedores, entre novos e aqueles que já usavam o marketplace.
O Mercado Livre é dono atualmente da maior operação de comércio eletrônico da América Latina e, segundo Julia Rueff, vice-presidente de marketplace da companhia no Brasil, a atenção da plataforma com o varejo de moda tem sido reforçada nos últimos anos, uma vez que essa categoria atrai mais novos usuários e compras recorrentes.
Ou seja, o comprador de roupas, calçados e acessórios volta com mais frequência para novas aquisições. Julia aponta ainda o potencial de crescimento do ecommerce de moda. O Brasil, na comparação com outros mercados, ainda é incipiente na modalidade.
No anúncio do projeto com os lojistas do Brás, a VP de marketplace do Mercado Livre também destacou que a empresa “acredita na indústria e nos produtores brasileiros”.
Na seleção dos que participam ou vão participar do projeto-piloto, o Mercado Livre diz que dá prioridade para fabricantes nacionais, para incentivar a economia local, e a empreendedores que tenham variedade de produtos, considerando tendências e preços justos.
Os participantes do projeto serão atendidos durante três meses por um consultor que atuará presencialmente na operação da loja e deverá auxiliar a ajustar o dia a dia do negócio.
O Mercado Livre também promete condições comerciais diferenciadas e acesso a uma central de conteúdo com estratégias de finanças, precificação, cálculo da margem de lucro, impostos e organização de estoque.
Um ponto de coleta também será instalado em um shopping da região, para facilitar o envio das mercadorias que forem vendidas por meio da plataforma.
O uso dessas agências de distribuição não demanda um volume ou valor mínimo de vendas, mas os lojistas precisam ser formalizados, mesmo que sob o modelo de microempreendedor individual (MEI), pois há obrigação de emissão de nota fiscal.
Os lojistas selecionados também terão de se enquadrar às regras de publicação da plataforma; falsificações ou irregularidades serão barradas.
“Realizamos uma curadoria rigorosa nesse segmento de moda para ter como parceiros empreendedores, microempreendedores e marcas que partilham dos nossos valores, portanto práticas irregulares não são nem serão toleradas”, diz a empresa.
O Mercado Livre diz que anualmente investe milhares de dólares de inteligência artificial para detectar violações de marcas e de direitos autorais, além de manter equipes dedicadas a buscas manuais para excluir anúncios que incluam falsificação ou pirataria.
Segundo o Mercado Livre, o segmento de moda já vinha crescendo com a atração de grandes marcas, que mantém lojas oficiais hospedadas na plataforma. São 2.700 lojas, 1.000 delas de grandes marcas. No primeiro trimestre de 2023, o número de vendedores dessa categoria subiu 21% e as vendas cresceram 27% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os dados da empresa apontam para 40 compras e 617 buscas por segundo, considerando todas as categorias de produtos anunciadas.
FERNANDA BRIGATTI / Folhapress