SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após colocar carros em todos os cantos da fábrica de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), a Volkswagen enfrenta um desafio logístico: conseguir caminhões-cegonha para distribuir a produção Brasil afora.
“Teremos um esquema especial para distribuição, que demanda um volume muito grande de cegonheiros, mas está difícil”, disse à Folha Ciro Possobom, CEO da Volkswagen do Brasil.
Segundo o executivo, o problema ocorre devido ao volume de carros acumulados e à disputa entre diferentes montadoras pelos serviços de transporte. Com a retomada das vendas para empresas, novos negócios estão sendo fechados em grandes volumes.
“O programa do governo foi positivo para pessoas físicas, que estão comprando mais, e a Volkswagen vai subir seu marketshare [participação de mercado] por causa disso. Mas houve esse descompasso em relação às vendas corporativas, que são 50% do mercado”, afirmou o executivo.
Possobom se refere ao período em que as vendas diretas pararam à espera do anúncio do governo. Como a primeira rodada do programa de descontos ficou restrita a pessoas físicas, as vendas para frotistas, que incluem as locadoras, permaneceram travadas.
À Folha, a Volkswagen confirmou que houve uma queda de 31% nas comercializações para pessoas jurídicas na comparação entre o acumulado nas três primeiras semanas de maio e de junho.
Possobom ressalta que a parada nas fábricas se deve não ao desinteresse do público, mas à necessidade de adequar os estoques ao período em que as vendas para empresas estacionaram.
“A Volkswagen estava muito bem, com vendas altas do Polo e do T-Cross, que lideraram o mercado. Mas tivemos que dar uma segurada nas fábricas para poder equilibrar o estoque.”
O desafio agora é conseguir os caminhões para esvaziar os pátios, que também estão cheios em Taubaté (interior de São Paulo) e em São José dos Pinhais (PR).
O CEO da Volkswagen disse que não tem ocorrido sobrepreço no valor do frete. A dificuldade está em conseguir cegonhas disponíveis para o transportar um volume tão grande de automóveis.
EDUARDO SODRÉ / Folhapress