SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Menos de uma semana após o anúncio de que os candidatos Sandra Torres, 67, e Bernardo Arévalo, 64, disputariam o segundo turno das eleições à Presidência da Guatemala, a Suprema Corte do país acatou o pedido de nove partidos e ordenou neste domingo (2) a suspensão dos resultados das eleições do último dia 25.
A ex-primeira-dama Torres era a favorita na disputa e obteve 15,8% dos votos na ocasião. Já Arévalo, do partido de esquerda Movimiento Semilla, que aparecia em oitavo lugar nas pesquisas, recebeu 11,8% dos votos.
A decisão foi tomada pela Corte Constitucional a partir de um pedido empenhado pelo partido da própria Torres, Unidade Nacional da Esperança, em conjunto com o Vamos –legenda do atual presidente guatemalteco, Alejandro Giammattei–, e outras siglas aliadas.
A máxima instância judicial do país afirmou que serão avaliadas suspeitas de irregularidades e que deseja quer garantir a segurança do processo eleitoral, segundo informações da agência Reuters. Ainda não se sabe se haverá uma recontagem dos votos e se o processo deve ser finalizado até a realização do segundo turno, marcado para 20 de agosto.
Outra sigla que requisitou a suspensão dos resultados foi Partido Valor, pelo qual Zury Ríos, filha do ex-ditador Efraín Ríos Montt (1982-1983), concorria. A sigla denunciou na sexta-feira (30) a suposta alteração de mais de mil atas. Estas representariam 0,82% das 121.227 atas apuradas (de um total de 122.293), de acordo com dados oficiais.
Ríos, que estava entre os três favoritos nas pesquisas, ficou em sexto lugar, com apenas 6,57% dos votos, enquanto o candidato do governo, Manuel Conde, ficou em terceiro lugar, com 7,84%.
Azarão na disputa, Arévalo disse que a decisão da Suprema Corte não possui mérito legal e que é perigosa para o processo eleitoral. “Não podemos deixar que os mesmos velhos partidos, frustrados e desapontados com seus maus resultados no primeiro turno, manchem e questionem a livre decisão de milhares de guatemaltecos”, disse ele em vídeo publicado nas redes sociais.
O movimento dos magistrados surpreendeu representantes da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acompanharam o processo eleitoral.
A UE pediu às instituições judiciais e aos partidos políticos que “respeitem a vontade dos cidadãos expressa livremente nas eleições de 25 de junho”. Ao longo da semana, a entidade europeia já havia afirmado que, apesar do compromisso dos eleitores com a democracia, os partidos derrotados buscavam deteriorar o Estado de Direito através de uma judicialização do pleito com “fins políticos”.
A OEA se manifestou no mesmo sentido, instando “os Poderes do Estado, Legislativo, Judiciário e Executivo, a respeitarem a separação de Poderes, a integridade do processo eleitoral, assim como o trabalho e as conclusões alcançadas neste processo”.
“O respeito à expressão do povo por meio do voto é essencial para manter a plena confiança nas eleições por parte dos cidadãos e da comunidade internacional”, ressaltou o organismo regional em um comunicado.
Redação / Folhapress