RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Delegacia de Homicídios da Capital do Rio de Janeiro instaurou um inquérito para apurar se a empregada doméstica suspeita de assassinar Lilson Braga, 66, em Guaratiba, zona oeste da cidade, provocou a morte de Lia Braga, 91, após demitir a cuidadora da idosa.
Isabella Oliveira, 19, foi presa nesta segunda (3). Em seu primeiro depoimento, segunda a polícia, quando o caso ainda estava em apuração, ela disse não saber do paradeiro do patrão.
De acordo com o delegado Alexandre Herdy, titular da DH, ao ser presa Isabella teria confessado o crime, dizendo que receberia R$ 150 por semana pelo trabalho e estaria insatisfeita com o excesso de tarefas. Ela não apresentou advogado nem passou por audiência de custódia.
Lia residia em uma casa no mesmo terreno do filho, morto por um disparo enquanto dormia. Sem os devidos cuidados, a polícia suspeita que ela morreu após o assassinato de Braga.
Isabella teve a prisão decretada por 30 dias, pela morte de Braga. O inquérito sobre a morte de Lia estava na 43ª DP (Guaratiba), mas, após a prisão da suspeita, passou a ser tratado pela delegacia especializada em homicídios.
O corpo da idosa foi encontrado pelo seu neto, no dia 5 de maio, quando ele foi ao com a ex-cuidadora da idosa, que disse que havia sido demitida por mensagem de texto enviada do celular de Braga.
A casa de Lia estava trancada com um cadeado, e o corpo dela estava no interior da residência.
No mesmo dia em que fez o registro de ocorrência da morte da avó, o neto também comunicou o desaparecimento do seu pai. O corpo foi encontrado por ele dias depois, em uma cisterna da residência. Laudo do IML (Instituto Médico Legal) constatou que Braga foi morto com um tiro no peito.
A perícia constatou que o celular de Braga estava sendo utilizado por Isabella; a suspeita é de que ela tenha fingido ser o patrão para enviar mensagens tanto para a cuidadora quanto para familiares da vítima.
A polícia acredita que o celular passou a ser utilizado por Isabella no dia 29 de março, dia do crime. A reportagem teve acesso às mensagens.
No texto enviado às 12h23 daquele dia à cuidadora, ele a dispensa. O motivo seria a falta de recursos.
Ainda supostamente fingindo ser Braga, Isabella teria pedido que a cuidadora não comentasse o fato com os outros filhos da idosa.
No mesmo dia, por mais de uma hora, foram realizadas pesquisas na internet do celular de Braga com os seguintes termos: “treino de tiro na posição sentada”; “tiro no peito mata”; e “treinando tiro”.
Às 14h54 e 15h47 do mesmo dia, uma das filhas de Braga tentou realizar chamadas telefônicas ao pai, mas não conseguiu. Na sequência, recebeu uma figurinha pelo Whatsapp, de um desenho animado segurando um coração.
Em uma das conversas, Braga chamou a filha por um apelido desconhecido pela família.
Além do conteúdo suspeito das mensagens, a polícia concluiu através da quebra do sigilo telefônico que até o dia 23 de maio o chip da linha de Braga passou a ser utilizado em aparelhos de pessoas próximas de Isabella, como sua namorada.
“Conclui-se que Isabella da Silva Oliveira estava de posse do aparelho de telefone celular de Lilson Braga e, após sua morte, continuou passando-se por este com o fim de ludibriar [nome da cuidadora] e impedir que esta informasse de sua demissão aos familiares de Lia. Com isso, tendo em vista a falta de cuidados, também provocar sua morte [da idosa] e ocultar a morte de Lilson”, diz trecho de relatório policial.
Após atirar contra Braga, no dia 29, a polícia aponta que Isabella ainda utilizou os cartões de crédito dele e da idosa para realizar saques que totalizaram R$ 4.900. A polícia apura se outras pessoas estão envolvidas no assassinato.
BRUNA FANTTI / Folhapress