SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Menos de um mês depois da tragédia que provocou a morte de 16 pessoas no Rio Grande do Sul, um novo ciclone extratropical deve se formar no oceano e pode provocar estragos no próximo fim de semana na região Sul do país. Provavelmente, porém, em menores dimensões.
Segundo a meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, a previsão é que no próximo sábado (8) o volume de chuva fique entre 100 mm e 150 mm. As rajadas de ventos podem atingir 85 km/h.
Já deve chover a partir de sexta-feira (7) por causa da passagem de uma frente fria.
O volume é inferior à média de 200 mm a 300 mm da tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul em 24 horas nos últimos dias 15 e 16 de julho. Mas, segundo a meteorologista, é suficiente para provocar inundações e alagamentos.
A previsão é que os reflexos do ciclone extratropical sejam vistos no leste e no nordeste do Rio Grande do Sul, que inclui a região de Porto Alegre, a Serra Gaúcha e o litoral do estado, além da região serrana e o litoral sul catarinense.
Há risco que Florianópolis, capital de Santa Catarina, também sofra com os estragos provocados pela chuva.
A Defesa Civil gaúcha afirma que a chegada de uma frente fria deverá provocar chuva no Sul do estado já nesta quinta-feira (6) e que irá se intensificar pelo estado na sexta, podendo causar transtornos relacionados ao acúmulo de água e aos temporais.
“Ciclones extratropicais são comuns no Sul do país, principalmente no inverno. Geram muita chuva e ventos fortes”, afirma Pegorim
Segundo ela, os ciclones extratropicais se formam em áreas onde a pressão do ar fica mais baixa que a do entorno. A circulação do vento impulsiona a umidade a níveis mais elevados da atmosfera, gerando nuvens de chuva.
“Quanto mais baixa for a pressão, mais fortes são os ventos e mais instabilidade e nuvens carregadas podem se formar no entorno desse sistema”, diz.
De acordo com meteorologista, a temperatura mais quente do mar na costa do Sul do país, acima do normal, deve colaborar para a formação de chuva forte. “A água quente faz com que evaporação seja maior. Mais umidade vai ser injetada na atmosfera.”
No domingo, o tempo firme deve voltar a predominar na região Sul brasileira.
“Ainda há muitas incertezas em relação à posição e intensidade deste ciclone e também sobre o volume de chuva que poderá causar”, afirma a Climatempo.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul diz não ter emitido nenhum alerta sobre a formação de mais um ciclone, porque ainda não foi identificado risco, mas em seu site cita a possibilidade do surgimento do fenômeno meteorológico no litoral norte do estado, mas com volume menor de chuva do que previsto pela Climatempo, de 40 mm a 60 mm.
A sala de situação, explica a Defesa Civil, está há alguns dias monitorando o prognóstico e, se for identificada a necessidade de envio de alertas, será feito.
Em nota publicada no seu site, a Prefeitura de Porto Alegre diz que a Defesa Civil municipal monitora a possibilidade de retorno da chuva intensa à capital gaúcha.
“Até o momento, não há indicativo de que os episódios registrados em junho irão se repetir na capital e não foi identificada a necessidade de emissão de um alerta preventivo”, diz na nota o coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre, Evaldo Rodrigues de Oliveira Júnior.
Na semana passada, o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou a implementação de medidas para auxiliar atingidos pelo ciclone de junho, como o pagamento de um benefício no valor de R$ 2.500 para todas as famílias afetadas.
A temperatura em Porto Alegre deve oscilar entre 12ºC e 26ºC entre esta quarta-feira (5) e o fim de semana, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
FÁBIO PESCARINI / Folhapress