Viper, banda pioneira do metal nacional, volta com disco novo após 15 anos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Todo fã de metal no Brasil conhece o Viper. Alguns tiveram contato com a banda no início dos anos 1990, quando o vídeo de “Rebel Maniac” passava direto na MTV. Outros acompanhavam o grupo desde a década anterior, quando eles lançaram os discos clássicos “Soldiers of Sunrise” e “Theatre of Fate” e começaram a trilhar carreira internacional. E uma minoria descobriu a banda já no nosso tempo, quando eles fizeram uma extensa turnê de reunião com o vocalista original, André Matos.

Alternando períodos de mais ou menos atividade, o fato é que uma das primeiras banda de heavy metal do país sempre esteve presente no imaginário dos fãs de música pesada e tem seguidores em vários estados. Agora, o Viper quebra um hiato de 15 anos sem lançar um disco com “Timeless”, seu sétimo álbum de inéditas, um trabalho com sonoridade de metal clássico, mas com algumas faixas que fazem referência à fase mais acessível do grupo, nos anos 1990.

“Somos antigos mas estamos fazendo um som novo. O disco contemplou todas as fases da banda, acabou virando um trabalho sobre o tempo e a nossa carreira de maneira geral. O tempo é o sexto integrante do disco”, afirma, em tom bem-humorado, o guitarrista Felipe Machado, em entrevista por vídeo, ao comentar o título do álbum, cuja tradução em português é “atemporal”.

O centro gravitacional do disco é “The War”, uma peça de dez minutos dividida em vários atos. A música muda de andamento diversas vezes, e há nela até um trecho resgatado de “Prelude to Oblivion”, uma faixa clássica da banda dos anos 1980, o que faz de “The War” uma celebração do Viper dos primeiros anos. Outra volta ao passado é a instrumental “Reality”, que fecha o disco e funciona como complemento à primeira faixa do álbum “Theatre of Fate”, de 1989.

Aquele disco consolidou o talento do então vocalista André Matos, que logo depois sairia do grupo para montar o Angra e escrever seu nome na história do metal nacional —Matos morreu em 2019. Machado, o guitarrista, afirma que Matos teve uma influência espiritual no disco novo, não musical, e elogia o atual vocalista, Leandro Caçoilo, por assumir o legado do cantor. Para o ouvinte, isso fica claro nas ótimas performances de Caçoilo em “Light in the Dark” e “Under The Sun”.

Com sonoridade influenciada por Iron Maiden e letras épicas, na década de 1980 o Viper foi um dos pioneiros do heavy metal nacional. Na época do disco “Evolution”, de 1992, o grupo fez bastante sucesso no Japão, tornando-se uma das poucas bandas brasileiras de música pesada com carreira no exterior numa época em que tocar fora era bem mais difícil e fazendo o mundo olhar para o Brasil como um celeiro de metal antes do estouro internacional do Sepultura, anos depois.

O novo disco foi gravado lentamente durante a pandemia —período no qual o guitarrista Kiko Shred foi incorporado de vez ao grupo— e teve produção de Maurício Cersosimo, engenheiro de som que já trabalhou com Paul McCartney e Avril Lavigne e recebeu o Grammy Latino por sua mixagem do disco “AmarElo”, do rapper Emicida. Cersosimo dá às música do Viper um lustre contemporâneo, das bandas de metal do agora, aparando as arestas e deixando a sonoridade limpa.

Talvez a faixa mais inusual das 11 do disco seja “Thais”, dedicada à ex-mulher do baixista Pit Passarell, não tanto pela letra de amor em homenagem à uma pessoa que já morreu, mas, sim, pela levada de balada, única no álbum. A música tem vocais de Natacha Cersosimo, da banda Toyshop. “Num mundo onde ninguém pode nos ouvir/ num mundo onde ninguém pode nos ver/ encontramos uma maneira de ficar juntos (para sempre)”, ela canta, em inglês.

TIMELESS

Quando Disponível nas plataformas de streaming e em CD

Preço R$ 40,50 (CD)

Artista Viper

JOÃO PERASSOLO / Folhapress

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