Ator que casou Zé Celso e se feriu em incêndio pede alta de hospital para se despedir

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Internado no hospital São Paulo, o ator Ricardo Bittencourt pediu para ter alta para render homenagens a Zé Celso, o revolucionário ator e dramaturgo do Teatro Oficina morto nesta quinta-feira (6), aos 86 anos.

“Zé Celso se preparou para a eternidade. Ele deixa milhares de peças que ainda não foram publicadas e que podem ser encenadas”, disse. “Ele germinou o teatro brasileiro, formando gerações de atores. Eu sou amigo de Marcelo e Zé há mais de 30 anos. São a minha família. A grandeza de Zé Celso só é comparável aos gênios da história do teatro mundial.”

Infectado com Covid-19, Drummond está internado numa ala em separado. Ainda não se sabe se ele conseguirá se despedir do marido, com quem viveu durante 37 anos.

Bittencourt, desde que está bem de saúde. No momento em que falava com a reportagem, os médicos do hospital visitaram seu quarto para dar alta ao paciente.

No momento, Ana Sette, produtora do Oficina, o ator Igor Marotti e a médica e atriz Luciana Domschke estão reunidos no interior do hospital. Integrantes da companhia também se encaminham para reverenciar o líder do Teatro Oficina.

“Nesse momento, eu perdi o grande amor da minha vida”, afirmou Sette, muito emocionada.

Domschke acaba de chegar ao Hospital das Clínicas. O atestado de óbito ainda não foi emitido. Nos últimos dias, ela liderou uma corrente de orações para a melhora de Zé Celso. Na fila para entrar no hospital, lembrou a espontaneidade de seu ato, correspondendo o comportamento que o artista adotava em vida.

“Não pensamos no futuro agora do Oficina. Só mesmo o presente. É mais adequado vivenciar aquilo que é mais misterioso. Para falar sobre Zé Celso, tudo fica pequeno perto dele”, disse.

Há dez anos, o ator Igor Marotti saiu de Belo Horizonte, onde nasceu, para integrar o Oficina. Ainda atônito, tentando processar tudo o que aconteceu. Por isso, ele afirma não conseguir dizer palavras bonitas e sábias neste momento. “O Zé está na gente, vai continuar vivendo, devemos tudo a ele, que é realmente uma pessoa imortal, disse.

Já Brenda Amaral, há oito membros da companhia, disse que o dramaturgo ensinava aos atores uma visão do mundo difícil de traduzir. Uma das orientações, ela conta, é viver o aqui e agora.

Ainda não há informações sobre a causa da morte e a cerimônia funerária.

GUSTAVO ZEITEL / Folhapress

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