SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em 16 de novembro de 1982, Zé Celso e uma trupe de 40 pessoas subiram as escadarias da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo cantando “salvem o Teatro Oficina”. O prédio da companhia no Bexiga estava ameaçado de ser destruído para dar lugar a um shopping center.
Naquele mesmo dia, o então secretário estadual da Cultura, o maestro João Carlos Martins enviou um documento ao Condephaat, o órgão estadual de preservação do patrimônio, pedindo que o Oficina fosse tombado. Apenas cinco dias depois, o Condephaat respondeu com um parecer favorável.
Quem conta esta história -no dia da morte de Zé Celso, o fundador do Oficina, devido a um incêndio em seu apartamento- é o próprio maestro, um dos principais responsáveis pelo salvamento do prédio do teatro.
O processo de tombamento significa também que os arredores do imóvel ficam protegidos, ou seja, são necessárias aprovações de órgãos do governo para que algo seja construído ali. O Teatro Oficina, localizado no Bexiga, fica colado à uma área verde que o teatro gostaria de ser transformada em um parque.
Contudo, o terreno é do grupo Silvio Santos, que tem um projeto de construção de três torres de até cem metros de altura no terreno que circunda o Teatro Oficina. Os prédios abrigariam mil apartamentos, com mil vagas de garagem e andares de subsolo.
O maestro também colocou Zé Celso em contato com alguns empresários em meados da década de 1980, que ajudaram a financiar a construção do projeto de Lina Bo Bardi para o Teatro Oficina –o prédio que está de pé até hoje.
“Dentro do teatro existem muitas ousadias, mas nenhuma ousadia na historia do teatro brasileiro foi igual à do Zé Celso”, afirma Martins, sobre o histórico do dramaturgo.
JOÃO PERASSOLO / Folhapress