CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) – A Prefeitura de Campinas (a 93 km de São Paulo) anunciou a ampliação do tamanho das 116 casas de 15 metros quadrados construídas para reassentar parte das famílias da ocupação Mandela Vive.
Em entrevista nesta quinta-feira (6), o prefeito Dário Saadi (Republicanos) e seu vice, Wanderley de Almeida (PSB), afirmaram que serão dadas três opções de expansão das casas aos moradores: para 33 m², 45 m² e 54,7 m².
O tamanho das casas foi alvo de crítica de especialistas em arquitetura ouvidos pela reportagem. Na época da polêmica, em uma rede social, Saadi classificou a queixa como “coisa criada pela esquerda lacradora, que nada faz pela população e busca atrapalhar o trabalho de quem faz”.
Dias depois, também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou o tamanho diminuto dos imóveis. Em transmissão em rede social, ela disse que, “se essa moda pega, daqui a pouco estaremos construindo poleiros para que o povo possa morar”.
Por causa do tamanho de 15 m², moradores da ocupação haviam relatado à Folha de S.Paulo sentimento de frustração e que fariam puxadinhos com madeirite ou outros materiais para ampliar o espaço
A primeira opção oferecida seria um quarto ao “embrião” -como é batizado o modelo de 15 m² em obras-, aumentando a área total para 33 m². Neste caso, o valor do imóvel terá um acréscimo de R$ 24 mil em relação ao cobrado inicialmente, de R$ 48 mil. Caso a família opte pelo acabamento, o acréscimo será de R$ 27 mil.
A segunda opção possibilita aumentar o embrião em dois cômodos, conferindo área total de 45 m². Neste caso, o acréscimo ao valor inicial varia de R$ 41 mil a R$ 45 mil.
A última opção seria aumentar as casas para deixá-las com 54,7 m². Neste caso, a planta ganharia mais um dormitório, banheiro, lavanderia e sala. O acréscimo para as famílias que optarem por esse modelo deve variar de R$ 60 mil a R$ 65 mil.
Com isso, o valor das parcelas que os moradores deverão pagar pelas propriedades deve aumentar. O mínimo será de R$ 132, mas esse montante vai variar de acordo com o modelo escolhido pela família.
“Cada família terá que ver o que cabe em seu orçamento e escolher a opção que cabe no bolso”, afirmou Almeida.
O prazo máximo para quitação dos imóveis permanecerá sendo de 300 meses, e o valor do aumento, a depender da escolha da família, será incluído na parcela que os moradores já pagam pelo embrião.
Durante a entrevista na sede da prefeitura, Thamires Batista, 31, que representa o movimento do Mandela Vive, evitou comentar a proposta oferecida pela prefeitura. “Iremos fazer uma reunião e soltaremos um posicionamento do coletivo nas nossas redes sociais.”
Ao todo, são 116 unidades que devem atender 450 pessoas que vivem na Ocupação Mandela Vive há sete anos.
O loteamento é uma contrapartida à demanda dos moradores da ocupação, que ficariam sem habitação em razão da reintegração de posse determinada pela Justiça no início do ano. De acordo com a prefeitura, a escolha foi a solução considerada viável, em razão do prazo de quatro meses que os moradores teriam para deixar a área particular.
LUIS EDUARDO DE SOUSA / Folhapress