União Brasil quer Embratur, mas não necessariamente vai levar, diz Marcelo Freixo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio à disputa entre centrão e governo pelo controle do Ministério do Turismo, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, diz estar confiante de que será mantido no cargo que ocupa desde janeiro. Para ele, não há disposição da gestão Lula em ceder a agência à União Brasil.

“O histórico da Embratur não é de alinhamento necessário com o Ministério do Turismo”, diz Freixo à Folha de S.Paulo, lembrando que o atual ministro da Justiça, Flávio Dino, já presidiu a agência na mesma época em que Gastão Vieira, seu adversário político no Maranhão, comandava a pasta.

“‘Ah, mas o União Brasil está exigindo o ministério inteiro.’ Está, mas não quer dizer que vai levar. Isso faz parte do jogo.”

Após desentendimentos entre o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (hoje no Republicanos-RJ), com a executiva da União Brasil, sua esposa e ministra do Turismo, Daniela Carneiro, também decidiu deixar o partido, que então passou a cobrar de Lula uma indicação própria ao ministério.

Freixo afirma que, sem uma maioria formada no Congresso, Lula precisa estabelecer governabilidade, e que esse processo passa pelos ministérios. Mas, na avaliação dele, governança e projeto político precisam estar em equilíbrio, sem que a primeira se sobreponha ao projeto que ganhou a eleição.

“Aí está um limite importante. Está claro que o Lula não é o Bolsonaro”, diz o ex-deputado. “Estamos em um momento de adaptação do Congresso com um novo líder, que de fato é líder e não abre mão do seu papel. Não é um espantalho que fica parado enquanto os outros tocam a lavoura.”

Depois de perder uma queda de braço pelos recursos do Sistema S para financiar a Embratur, nas últimas semanas Freixo tem se dedicado a buscar apoio político para seguir no cargo, reforçando a divulgação de sua atuação à frente da entidade.

Entre os feitos, o ex-deputado destaca a formação de uma equipe técnica composta por profissionais reconhecidos pelo meio do turismo, como Mariana Aldrigui, professora da USP que assumiu a Gerência de Pesquisas e Inteligência de Dados com a missão de ajudar a Embratur a ter uma atuação “baseada em dados, e não em chutes”, o que segundo ele já tem ajudado a agência promover o Brasil de maneira mais assertiva.

“Percebemos que enquanto muitos turistas vêm ao Brasil pelas nossas praias, há uma parcela que se interessa também em conhecer as diferentes culturas”, diz Freixo.

“Sabendo disso, trouxemos o pessoal do Chile, da Colômbia e da Argentina para conhecer o Festival de Parintins, por exemplo. Estamos divulgando o Brasil já a partir dessa inteligência de dados que, aliás, está sendo construída também com a ajuda do Google, que firmou um convênio com a gente.”

Freixo também destaca a promoção do afroturismo, uma vertente que destaca a herança e a cultura africana em diferentes destinos do país e a iniciativa de articular a inclusão de policiais do sexo feminino na segurança de pontos turísticos, para aumentar a sensação de segurança de mulheres que viajam sozinhas pelo Brasil.

“Quando eu convido o mundo a conhecer nossa herança africana, estou combatendo o racismo não com discurso, mas com uma atividade econômica que gera emprego e renda em uma cadeia que é gigante”, diz. “O turismo tem tudo para ser a atividade mais sustentável da nossa economia, e ainda induz um importante processo civilizatório.”

GABRIEL JUSTO / Folhapress

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