A oposição diz que não vai dar certo. Mais uma vez os pobres serão deixados de lado e só os ricos serão protegidos. O principal alvo das críticas é o grupo conhecido como Centrão, ou seja, um aglomerado de deputados e senadores sem qualquer compromisso com propostas, mas com as verbas que possam carrear para os seus currais eleitorais. São alimentadores de caciques locais famintos por verbas com as quais podem iludir a população e se perpetuar no controle das prefeituras. A pirâmide política tem o fisiologismo e o compadrismo como sustentáculos de dominação. A oposição vai mais além em suas críticas, acusa os reformistas de estarem mancomunados com os lobbies de poderosos grupos econômicos, entre eles a indústria, sequiosa dos velhos tempos, quando tarifas protecionistas fechavam o mercado nacional para a concorrência estrangeira.
A população espera há décadas mudanças que possam proporcionar melhoria nas condições de vida. A classe média, por sua vez, está cada vez mais crítica em relação à carga tributária e à má qualidade dos serviços públicos. Também querem mudanças e chega mesmo a propor uma saída para se pagar menos impostos. Estes estão embutidos nos produtos de consumo, que pululam nos carrinhos dos supermercados e nas bombas de combustível. Não há clareza sobre o percentual pago, só os iniciados são capazes de entender o que se passa em um verdadeiro cipoal de leis, decretos, portarias e regulamentações. A oposição quer mais dinheiro no bolso do trabalhador e menos nos cofres do Estado. Para isso é preciso uma profunda modificação, um verdadeiro choque na economia, já tentado várias vezes no passado, sem êxito.
O embate entre situação e oposição se torna mais ríspido com a aproximação de novas eleições. No Brasil, um ano tem eleição, no outro se preparam para nova eleição. Por isso as críticas da oposição afetam o presidente Fernando Henrique Cardoso, fiador do Plano Real, que defende como pode o plano. As críticas mais ferozes da oposição são contra o ministro da fazenda, Pedro Malan, o mesmo que declarou que no Brasil nem mesmo o passado é previsível. O Brasil está à beira do caos, diz a oposição. O governo navega firme em direção à privatização de algumas estatais consideradas deficitárias e mal administradas, anuncia a abertura do mercado de telefonia para empresas privadas, diminui o tamanho do Estado e adota uma política de austeridade fiscal. A nova moeda, o real, aos poucos se impõe e a hiperinflação vai sendo dominada. O reflexo na população tem um termômetro – depois de uma manobra no Congresso admitindo a reeleição, FHC, graças ao Plano Real, ganha novo mandato.