Xuxa diz que ainda é acusada de pedofilia e que faltam críticas a Bolsonaro

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – “Talvez ainda não seja o momento de eu falar de algumas coisas. Ou então as pessoas falariam apenas disso.”

Foi o que afirmou Xuxa, na noite desta segunda (10) a respeito da série sobre sua vida e sua carreira “Xuxa, o Documentário”, que estreia no Globoplay no dia 13. O lançamento da série para a imprensa e convidados aconteceu em um cinema de um shopping na zona sul do Rio. O programa sobre sua trajetória conta com cinco episódios.

Xuxa também comentou as acusações de pedofilia que o filme “Amor Estranho Amor”, protagonizado por ela em 1982, ainda despertam. “Eu sofro até hoje com as fake news, esses comentários ridículos”, afirmou no evento. “As pessoas acham que ‘pintar um clima’ entre um velho e uma criança é normal? Quem sou eu, então, agora, para dizer o contrário, não é mesmo?”

Ela ainda comparou a situação com declarações recentes do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Nosso ex-presidente disse que ‘pintou um clima’ [entre ele e uma criança], mas ninguém fala sobre isso. Já eu… não pintou um clima, pintou um crime! O que me machuca é a ignorância das pessoas.”

A loira não entrou em detalhes sobre o que preferiu deixar de fora do documentário, ainda que tenha ressaltado que o documentário seja bastante completo e “correto” da maneira como está e que gostaria de que seus netos a conhecessem justamente a partir dele.

“Sem pressão sobre a minha filha [Sasha], mas estou com vontade de ser avó. E mostrar [aos netos]:’ Olha, isso aqui foi um pouco do que a vovó viveu.”

O evento contou com a presença de alguns famosos, como a ex-modelo Luiza Brunet, a atriz Bárbara Paz, o humorista Sérgio Mallandro, a atriz e ex-Paquita Bárbara Borges e o músico Michael Sullivan, autor de vários hits de Xuxa.

A produção do Globoplay tem direção geral assinada pelo jornalista Pedro Bial e conta com depoimentos de pessoas que tiveram passagem importante na vida da loira. A longa lista de depoentes inclui Pelé, que foi por anos seu namorado, Brunet, que foi sua colega na profissão de modelo na década de 1980, e algumas das Paquitas, que foram suas assistentes de palco no programa “Xou da Xuxa”, sucesso com o público infantil nas manhãs oitentistas da Globo.

Assuntos pesados, como o abuso sexual que sofreu na infância, não foram evitados pela série.

O ponto alto, no entanto, é a participação de Marlene Mattos, que foi por quase 20 anos sua empresária e com a qual Xuxa sempre teve uma relação tumultuada —até as gravações da série, as duas estavam sem se falar havia 19 anos.

O registro do encontro será exibido no último dos cinco episódios da série —embora alguns trechos já tenham sido apresentados no Fantástico do último domingo.

Em uma cena, Mattos diz que não se arrepende da maneira como conduziu a carreira da apresentadora, tanto nos programas da TV Manchete como no da Globo. Ao longo dos anos, várias vezes Xuxa ressaltou o comportamento intransigente da diretora nos tempos em que trabalhavam juntas.

“Fui assediada moralmente, sofri abusos de confiança e de poder, e tem gente que quer virar tudo isso contra mim. Isso me choca”, disse Xuxa à imprensa.

“As pessoas dizem ‘É normal’, ‘Ah, mas naquela época…’, mas estamos agora em outra época, não dá para ficar do lado do ladrão, do malvado”, disse. “Não dá para mim. Eu sempre fui Super Xuxa contra o baixo-astral.”

O episódio com a participação da empresária tem previsão de estar disponível na plataforma a partir do dia 10 de agosto.

BRUNO GHETTI / Folhapress

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