Redação
Morreu o escritor tcheco Milan Kundera, autor do livro “A Insustentável Leveza do Ser”, informou a emissora pública de televisão da República Tcheca na madrugada desta quarta-feira (12). Ele tinha 94 anos.
Kundera ficou conhecido por retratar temas e personagens que flutuavam entre a realidade mundana da vida cotidiana e o mundo elevado das ideias.
Ele nasceu na cidade tcheca de Brno, mas se exilou na França em 1975 depois de ser condenado ao ostracismo por criticar a invasão soviética da então Tchecoslováquia em 1968. Nessa época, seus livros foram proibidos no país e ele perdeu o cargo de professor que detinha.
Se o regime comunista que se instaurou em seguida retirou sua cidadania nacional, o governo tcheco fez um gesto simbólico de devolvê-la em 2019, quando o escritor já tinha passado dos 90 anos e estava quase totalmente recluso.
Sua obra mais conhecida, o best-seller mundial “A Insustentável Leveza do Ser”, começou a ser pensada pouco depois da Primavera de Praga em 1968, mas foi publicado em 1984 na França, com ampla repercussão e dezenas de traduções.
O romance acompanha as paixões e ideais de quatro personagens, Tomas, Tereza, Sabina e Franz. O livro virou filme em língua inglesa em 1988, dirigido por Philip Kaufman com Daniel Day-Lewis e Juliette Binoche.
Seu romance de estreia, “A Brincadeira”, considerado seu primeiro passo na trajetória de membro do partido a dissidente, foi publicado em 1967 e ofereceu um retrato contundente do regime comunista.
Ele disse ao diário francês Le Monde em 1976 que chamar suas obras de políticas era simplificar demais e, portanto, obscurecer seu verdadeiro significado. Por isso, não costumava dar entrevistas, afirmando que os livros deviam falar por si.
Outras de suas obras mais famosas são “O Livro do Riso e do Esquecimento”, o primeiro escrito no exílio, e os romances “A Valsa dos Adeuses”, “A Vida Está em Outro Lugar” e “A Ignorância”. Seu livro de contos “Risíveis Amores” também alcançou status de best-seller no Brasil.
Sua obra de não ficção também está bem editada por aqui, incluindo “A Cortina”, com reflexões sobre a literatura ocidental,, “Testamentos Traídos” e “A Arte do Romance”.
O autor tcheco, que começou a carreira escrevendo poemas, encerrou sua produção em 2014 com “A Festa da Insignificância” um livro leve e bem-humorado, que acompanha amigos à deriva em Paris.
Sua obra é publicada no Brasil pela Companhia das Letras, que a lançou em ebook pela primeira vez este ano o autor era historicamente contra a ideia. A editora promete desde o ano passado o ensaio “Um Ocidente Sequestrado ou a Tragédia da Europa Central”, ainda inédito, e a peça “Jacques e Seu Amo”, há muito fora de catálogo.
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