BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Apesar do gesto da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social) segue rifado no Palácio do Planalto.
Interlocutores do governo afirmam que os elogios da primeira-dama não representam garantia de permanência de Dias no cargo nem uma posição clara do Planalto de blindar a pasta responsável pelo Bolsa Família -principal vitrine social do presidente Lula (PT).
O Ministério do Desenvolvimento Social entrou na fatura do centrão para que o presidente consiga ampliar a base política no Congresso. Além da pasta, foram reivindicadas as presidências da Caixa, da Funasa e o comando de outro ministério a ser definido.
No Planalto, a avaliação é que a nomeação de um indicado pelo centrão não ameaça a paternidade do Bolsa Família, e que, mesmo após Jair Bolsonaro (PL) ter lançado o Auxílio Brasil, o petista segue firme com a sua marca social.
A interlocutores do Planalto Lula tem reclamado que Dias precisa estar mais focado e apresentar mais agendas positivas. Por ser o ministério com uma das principais vitrines do governo, o presidente esperava que a pasta fosse celeiro de anúncios benéficos para a imagem dele, mas não vê isso acontecendo.
Na sexta-feira (7), em recado ao grupo liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Janja gravou um vídeo elogioso a Dias. Ao lado do ministro, ela disse que a pasta, que cuida do Bolsa Família, é o “coração do governo”.
Segundo integrantes da articulação política do governo, essa foi uma iniciativa pessoal da primeira-dama.
Dias, de acordo com esses negociadores, é atualmente o elo mais fraco, já que Lula estaria convencido de que o PT deverá ser sacrificado nesta reforma para abrir espaço no primeiro escalão ao centrão.
Apesar da visão do Planalto de que Lula estaria disposto a ceder o ministério social para acomodar novos aliados, integrantes da cúpula do PT e a base partidária resistem à ideia de abrir mão do comando do Bolsa Família.
O plano do presidente é resolver a primeira etapa da reforma ministerial até o fim da semana. Lula deverá se reunir com o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) nesta quinta-feira (13) ou sexta (14) para formalizar o convite para que assuma o Ministério do Turismo.
O acordo foi sacramentado na noite desta quarta (12) durante encontro do presidente com o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
A União Brasil reivindica o Ministério do Turismo, atualmente ocupado por Daniela Carneiro, que pediu desfiliação da legenda.
Lula pretende fechar a equação da reforma ministerial até o fim de julho. Apesar do pleito de deputados do centrão para assumirem a pasta do Esporte, a atual ministra, Ana Moser, tem se fortalecido na disputa.
O presidente disse a aliados que, por ora, não pretende trocar Ana Moser, pois a expectativa em relação ao desempenho político da ex-atleta é muito menor do que a de um político com experiência, como o ex-governador do Piauí e senador eleito, Wellington Dias.
Outra pasta do PT ou cota pessoal de Lula, portanto, poderá entrar no xadrez da reforma ministerial pedida pelo centrão.
Uma possibilidade em discussão é a transferência da Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) para um ministério menor, abrindo espaço para o centrão, provavelmente um representante do Republicanos. Luciana poderia vir a ser acomodada, por exemplo, no Ministério das Mulheres.
Nos últimos dias, circularam rumores de que o vice-presidente Geraldo Alckmin pudesse vir a ceder o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, num gesto em favor da governabilidade.
Mas essa hipótese, por ora, ainda é tida como remota no Palácio do Planalto. O único cenário em que está em análise é a transferência do ministro Márcio França (Portos e Aeroportos) para a pasta atualmente ocupada por Alckmin. Os dois são do PSB, além de amigos.
O centrão apresentou uma lista de pedidos após aprovar a reforma tributária e o projeto de lei do Carf.
Para o Ministério do Desenvolvimento Social, é cotado o líder do PP, André Fufuca (MA). O deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) é citado para comandar o Ministério do Esporte ou outro que venha a ser negociado com o Planalto.
No caso da Caixa, a própria presidente da instituição, Rita Serrano, tem sido alvo de críticas no governo e do próprio PT, e por isso aliados do mandatário avaliam que deve ser mais fácil ceder o comando do banco.
O nome mais citado para substituí-la é o de Gilberto Occhi (PP), que foi ministro das Cidades no governo Dilma Rousseff (PT) e ex-presidente da Caixa.
THIAGO RESENDE E CATIA SEABRA / Folhapress