SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Diante da declaração da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre a inclusão do aspartame na lista de substâncias possivelmente cancerígenas, a Associação Internacional de Adoçantes (ISA, na sigla em inglês) emitiu uma declaração reforçando a segurança do produto em dietas equilibradas com objetivo para perda de peso e redução do consumo de açúcar.
A nova consideração sobre o aspartame é aguardada desde o final de junho, quando foi divulgada a possibilidade de inclusão do adoçante na lista de carcinogênicos da Iarc (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer), braço de pesquisa sobre câncer da OMS.
A substância tem poder de adoçar cerca de 200 vezes maior do que o açúcar comum e é muito ultilizado em produtos dietéticos, como chicletes, refrigerantes e sucos em pó. Hoje, outros tipos de adoçantes, como a sucralose, também são utilizados com frequência na produção destes tipos de alimentos.
O aspartame foi incluído no grupo 2B da lista da Iarc, ao lado de alimentos como carne vermelha e picles de vegetais. A agência agrupa as substâncias de acordo com a quantidade e a qualidade de evidências científicas sobre a associação dos compostos com o câncer. No caso desse grupo, alguns estudos indicam ligação com o câncer, mas não há consenso científico.
Segundo comunicado, a ISA considera que a decisão da OMS não anula a segurança do produto, ressaltando o parecer do JECFA (Comitê Misto da FAO/OMS de Peritos em Aditivos Alimentares).
“O JECFA reafirmou mais uma vez a segurança do aspartame após a realização de uma revisão exaustiva, abrangente e cientificamente fundamentada”, indica a secretária-geral da ISA, Frances Hunt-Wood, no documento.
A associação reforça que o adoçante é seguro para uso em dietas equilibradas com o objetivo de reduzir a ingestão de açúcar, e indica o JECFA como instituição de referência na avaliação de segurança de alimentos para o consumo humano.
“É importante salientar que a Iarc não é um organismo competente em matéria de segurança alimentar e a sua classificação 2B não tem em conta os níveis de ingestão nem o risco real, o que torna uma análise da Iarc muito menos abrangente do que as análises exaustivas efetuadas por organismos de segurança alimentar como o JECFA e, potencialmente, confusa para os consumidores”, diz o documento.
Não há consenso científico sobre o potencial cancerígeno dos adoçantes de modo geral. Contudo, há estudos que ligam o consumo de aspartame a certos tipos de câncer, o que motiva o alerta da OMS em relação à substância.
Especialistas afirmam que basta usar a substância dentro dos valores diários recomendados para que haja prejuízos à saúde. De acordo com a FDA (agência americana reguladora de alimentos e medicamentos), o limite do aspartame é de 50 mg/kg por dia.
GABRIELLA SALES / Folhapress