SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os EUA e seus aliados precisam acelerar a entrega de armas a Taiwan nos próximos anos para desencorajar uma ação da China contra a ilha, afirmou o principal general americano nesta sexta (14).
“Se Taiwan tem a capacidade militar para sinalizar às lideranças de Pequim que os custos e os riscos de um ataque excederiam qualquer benefício potencial, então esses líderes não fariam isso militarmente, se são racionais”, disse o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas americanas, Mark Milley, durante visita a Tóquio.
Washington é o principal fornecedor do arsenal militar de Taipé condição que entra em choque com Pequim, para quem Taiwan é uma província rebelde. A China, que já admitiu a possibilidade de usar a força para tomar o território, exige repetidamente o fim da venda de armas americanas para a ilha.
Para Milley, a ilha asiática precisa de ferramentas como sistemas de defesa aérea e armas que possam atingir navios a partir do solo. “É importante que as Forças Armadas de Taiwan e suas capacidades defensivas sejam aprimoradas.”
Há meses Taipé se queixa de atrasos de Washington na entrega de armas como mísseis antiaéreos Stinger. Em novembro, autoridades americanas reconheceram um atraso de US$ 19 bilhões em entregas de armas ao território, de acordo com o jornal The Wall Street Journal.
Desde fevereiro passado, a ilha precisava dividir a produção dos fabricantes com mais um destino: a Ucrânia, que luta contra as forças russas. A questão preocupou alguns parlamentares dos EUA. Por lei, o Congresso americano seria obrigado a ajudar Taiwan a se defender em um eventual ataque, embora Washington normalmente se recuse a responder qual seria a ação americana em um cenário como esse.
Segundo o governo de Taiwan, os gastos com defesa deste ano se concentrarão na preparação de armas e equipamentos para um “bloqueio total” da China, incluindo peças para caças F-16.
A declaração de Milley tem potencial de esfriar os esforços diplomáticos dos países nos últimos meses após um período de grande tensão. Um dos gatilhos para o clima de hostilidade foi a visita da democrata Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a Taiwan, em agosto passado.
Após o episódio, a China realizou exercícios militares no entorno de Taiwan uma simulação de como tentaria isolar a ilha em uma guerra. Já nos últimos dias, Pequim tem praticado operações de forças conjuntas no mar antes dos exercícios militares anuais de Taiwan no final do mês, quando a ilha vai simular a resposta a um bloqueio chinês.
Nos últimos dois meses, Pequim recebeu o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen. Para Milley, as relações entre os EUA e a China estavam em um “ponto muito baixo” e as recentes reuniões diplomáticas são importantes para reduzir as chances de uma escalada.
Milley afirmou também que os EUA estão analisando a necessidade de reconfigurar a distribuição de algumas de suas forças na Ásia-Pacífico. A maioria de suas bases militares na região está no nordeste da Ásia. “Estamos analisando seriamente alternativas”, disse o general.
Redação / Folhapress