Ácido hialurônico evolui e oferece procedimentos com resultados mais naturais

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ácido hialurônico não é tudo igual. O produto começou a ser utilizado na medicina estética como preenchedor, em procedimentos conhecidos popularmente como harmonização facial, e foi aperfeiçoado ao longo dos anos para adquirir diversas consistências. Agora, de acordo com a densidade de cada tipo, ele se adapta a diferentes regiões do rosto e confere resultados mais naturais aos tratamentos.

Assim como o colágeno, essa substância também já existe no nosso organismo. Mas também é reproduzida em laboratório para que possa ser aplicada em maiores quantidades, por meio de seringas e cânulas, promovendo volume e sustentação a algumas áreas da face.

“O ácido hialurônico é muito seguro. As empresas sérias, que estão de longa data no mercado, primam pela qualidade e esterilidade do produto, além de investir muito em pesquisa para aperfeiçoar a tecnologia dessa aplicação”, afirma a médica dermatologista Elisete Crocco, coordenadora do departamento de cosmiatria da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).

O material é reabsorvido naturalmente pelo nosso organismo e dura por volta de dois anos. Porém, se o paciente não gostar do resultado, é possível removê-lo ao injetar uma enzima chamada hialuronidase.

Quando começou a ser incorporado pela medicina estética, no final dos anos 1990, o ácido hialurônico era usado basicamente para preenchimento de lábios e do sulco nasogeniano (chamado de bigode chinês).

“Se a gente pensar na história do ácido hialurônico, as primeiras indicações eram apenas como preenchedor”, diz o médico cirurgião plástico Fábio Saito, diretor de educação médica da Galderma.

Com o passar do tempo, os especialistas começaram a entender melhor como a substância se adapta à anatomia do rosto, e surgiu a necessidade de desenvolver produtos com diferentes capacidades reológicas, ou seja, com graus variados de resistência à deformação.

Saito afirma que o envelhecimento da face atinge todas as camadas: há perda óssea, os músculos e ligamentos se tornam mais frouxos, há perda dos coxins de gordura e a pele também fica mais flácida.

Para repor estruturas mais duras e profundas, como o osso, é preciso produtos que também sejam mais firmes. Já para devolver a gordura perdida, a substância deve ser mole. Para dar volume ao terço médio, na região das maçãs do rosto, as necessidades já são diferentes.

“Onde há perda de gordura, eu quero um produto que seja volumizador, que tenha capacidade de preencher esse espaço, mas que seja flexível o suficiente para, quando você sorrir, quando você fizer os movimentos da mímica facial, eles preservem essas características. Não pode ser tão duro, senão a expressão fica artificial”, ressalta.

Os lábios, que esticam conforme falamos e sorrimos, precisam de uma substância ainda mais flexível para que o efeito seja natural e evite aquele aspecto de “bico de pato”.

Já o ácido hialurônico mais fluido tem a capacidade de melhorar a qualidade da pele quando é injetado superficialmente sob a derme. O produto é chamado de skinbooster e promove a hidratação e suaviza linhas finas.

“Eu considero, atualmente, o nome preenchedor muito inadequado para falar sobre ácido hialurônico, levando em conta todos os benefícios que ele pode oferecer”, observa Saito.

Foi em busca de resultados naturais que a empresária Sendy Mantovan, 39, procurou um profissional, em 2017, para corrigir olheiras profundas.

“Eu tinha um problema de olheira bem grande, mas também sentia um medo absurdo de ficar feio, artificial, com o rosto torto”, diz ela.

Sendy conta que, para se sentir mais segura, pesquisou bastante sobre o profissional. “Achei sensato ele entender o meu medo e ir me passando os procedimentos aos poucos, explicando o que eu poderia fazer para melhorar as queixas que eu apresentava”.

A empresária, que nunca tinha realizado nenhum procedimento do tipo antes, fez preenchimento com ácido hialurônico nas olheiras e aplicou toxina botulínica. “Amei tanto como ficou que tomei coragem para fazer mais coisas, de acordo com o que o médico me indicava”, relata.

Ela e o profissional traçaram juntos um plano de tratamento, realizado aos poucos. Até hoje, Sendy já injetou ácido hialurônico nos lábios, malar, queixo e contorno do rosto.

“Também faço Sculptra (bioestimulador de colágeno) duas vezes ao ano e laser para tratar a pele”, diz.

Confiar no profissional, observa a dermatologista Elisete Crocco, é um fator essencial para que os resultados dos tratamentos sejam positivos. Não pode levar em conta apenas o número de seguidores em redes sociais. “É preciso pesquisar sobre o médico, saber se ele está habilitado a fazer aquele tipo de procedimento, pedir indicações de outros pacientes.”

A intervenção deve ser realizada em clínicas, em ambiente estéril e com assepsia adequada, para evitar processos infecciosos.

Após terminar o procedimento, o paciente não deve colocar as mãos onde foram feitas as aplicações nem passar maquiagem nessas áreas por pelo menos 24 h para que não haja contaminação por bactérias.

Crocco diz que todo procedimento invasivo pode gerar intercorrências, mas o médico sempre deve saber como tratá-las.

“Se notar que a região ficou esbranquiçada, muito inchada, quente, muito vermelha, entre em contato com o profissional. Pode ser que algum vaso sanguíneo tenha sido atingido pela cânula ou obstruído pelo produto. Em casos assim, quanto mais rápido médico agir para tratar a complicação, melhor será para o paciente”, pontua a dermatologista.

Quando uma situação desse tipo é negligenciada, pode levar à necrose dos tecidos e perdas de estruturas nobres da face.

SÍLVIA HAIDAR / Folhapress

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