Reitor de Stanford renuncia após relatório apontar falhas em suas pesquisas

LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – O reitor da Universidade de Stanford, nos EUA, Marc Tessier-Lavigne, anunciou nesta quarta (19) que renunciará ao cargo. A decisão foi comunicada após a divulgação de relatório independente do Comitê Especial do Conselho de Curadores da instituição apontar falhas significativas em estudos que ele supervisionou.

A análise avaliou 12 artigos nos quais Tessier-Lavigne trabalhou como autor ou coautor. Com 89 páginas, o estudo se baseou em mais de 50 entrevistas e fez uma revisão de 50 mil documentos ao todo.

O comitê não encontrou evidências de que Marc Tessier-Lavigne se envolveu em fraude ou falsificação de dados, mas considerou que ele tomou medidas insuficientes para corrigir erros. Seu nome foi listado como autor de cinco trabalhos com “falhas”.

Em fevereiro, o jornal Stanford Daily, do campus, publicou texto com alegações de fraude envolvendo um importante artigo sobre Alzheimer de quando o reitor trabalhava na empresa de biotecnologia Genentech. A publicação alegou que Tessier-Lavigne tentou “ocultar a descoberta”.

O relatório atual, por sua vez, apontou que esse texto “ficou abaixo dos padrões habituais de rigor científico”. O painel questionou o fato de Tessier-Lavigne não ter tentado corrigir o artigo após estudos revelarem que a tese principal estava incorreta, segundo o New York Times.

“Espero que haja uma discussão em andamento sobre o relatório e suas conclusões, o que pode levar a um debate sobre minha capacidade de liderar a universidade no novo ano letivo”, disse o reitor.

Como resultado da revisão, o reitor pretende retirar de circulação um artigo de 1999 que foi publicado na revista Cell, além de dois outros publicados na Science em 2001. Ele também indicou que dois estudos veiculados na Nature passariam por uma “correção abrangente”.

Tessier-Lavigne, 63, deixará a função no final do mês de agosto, mas permanecerá na universidade como professor de biologia.

Stanford nomeou Richard Saller, docente de estudos europeus, reitor interino a partir de 1º de setembro. Neurocientista, ele publicou mais de 200 artigos, concentrando-se principalmente na causa e no tratamento de doenças cerebrais. Além de Stanford, trabalhou em universidades como Rockefeller, da Califórnia e de São Francisco.

Stanford é conhecida por sua liderança em pesquisas científicas, e as acusações refletiram mal na integridade da instituição. Os EUA vivem momento de questionamento de práticas de universidades.

A tradicional Harvard, por exemplo, vê-se em meio a uma polêmica por causa das chamadas “admissões por legado”, que facilitam o ingresso de alunos cujos pais ou parentes tenham estudado ou doado dinheiro à instituição. Os beneficiados são na maioria americanos brancos, uma vez que a maior parte das universidades de elite dos EUA só começou a admitir estudantes de grupos minoritários há uma geração.

Redação / Folhapress

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