Usuários de drogas da cracolândia fazem barricadas de fogo no centro; prefeitura e estado se calam

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Usuários de drogas atearam fogo em materiais recicláveis e fizeram uma barricada em ao menos três pontos do centro de São Paulo na noite desta quarta-feira (19), nas avenidas Rio Branco e Duque de Caxias e na rua dos Gusmões. As três vias ficam no entorno da cracolândia e foram liberadas após ação da polícia e da GCM (Guarda Civil Metropolitana).

O problema começou na esquina da Rio Branco com a rua dos Gusmões e, depois, se espalhou para outros locais da região. A Polícia Militar disse que foi acionada às 19h05.

Trecho da avenida Rio Branco chegou a ter trânsito interrompido.

Questionados sobre os problemas da noite desta quarta, os governos municipal e estadual não responderam até a publicação desta reportagem.

Após a polícia disparar bombas de gás lacrimogêneo, os usuários se passaram a se dispersar.

Por volta das 21h, a maior concentração estava na própria Gusmões, esquina com rua dos Andradas. Havia grupos menores, com até 50 pessoas, em outros pontos.

Próximo deste horário, os usuários foram cercados por policiais militares na avenida Rio Branco, e por GCMs, no cruzamento entre as ruas dos Gusmões e do Triunfo.

Durante a correria, usuários que fugiram em direção à avenida Ipiranga arremessaram uma garrafa contra um carro da Iope (Inspetoria Regional de Operações Especiais), da GCM. Estilhaços atingiram ao menos dois guardas. Eles foram ao 77º DP para elaborar ocorrência.

Em nota, a Policia Militar afirmou que equipes do 7º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) dispersaram um tumulto e apagaram um pequeno foco de incêndio entre a avenida Duque de Caxias e a rua Santa Ifigênia, que o trânsito acabou liberado e ninguém foi preso.

Na manhã desta quarta-feira (19), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que pretende remover a cracolândia para o Bom Retiro, também na região central. A Polícia Civil está fazendo um “censo” dos frequentadores da cracolândia para separar moradores de rua, dependentes químicos e traficantes e, depois, levar os usuários de drogas para um novo endereço.

O governador diz que ainda não há uma estratégia pronta para fazer a migração do chamado fluxo de usuários, muito menos certeza de que a ideia terá sucesso.

A Polícia Civil cadastrou cerca de 200 usuários de drogas que frequentam a região. Os registros são feitos pelos policiais civis que fotografam e anotam os dados dos usuários abordados durante as ações policiais. A maioria tem passagem por furto, roubo, tráfico de drogas, entre outros crimes, segundo as investigações.

Há cerca de dez dias, houve uma tentativa de realocar os usuários de drogas da Santa Ifigênia para o Bom Retiro, mais especificamente para o espaço embaixo do viaduto Orestes Quércia, conhecido como Estaiadinha.

MARIANA ZYLBERKAN E PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress

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