SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Lucia Helena Carvalho e Silva, 72, conhecida como Lucina, lançou recentemente, nas plataformas digitais, o álbum “Nave em Movimento: a Música Artesanal de Luli e Lucina”.
A compositora, cantora e instrumentista já teve outros nomes, assim como sua parceira, a carioca Heloisa Orosco Borges da Fonseca (1945-2018), a Luli, que depois se tornou Luhli.
“Lucinha veio primeiro, pois virei artista de repente. O pseudônimo Lucelena surgiu com o término do Grupo Manifesto [do qual foi integrante], quando fui contratada pela gravadora que exigia outro nome. Ao conhecer Luli, o nome Lucinha voltou feliz, porém era comum me confundirem com a Lucinha Lins [atriz e cantora] e a Lucinha Turnbull [guitarrista]. Assim, no lançamento do CD Yorimatã/Amor de Mulher [1982] divulguei o nome que assino desde então”, disse a artista.
A dupla Luli e Lucinha surgiu no 7º Festival Internacional da Canção, em 1972, na Rede Globo, com a música “Flor Lilás”, mas que teve “Fio Maravilha”, do então Jorge Ben, interpretada pela cantora Maria Alcina como vencedora. “Nunca fui muito boa em festivais, não tenho espírito competitivo. Para nós foi uma experiência forte”, diz. Não havia lisura nesses festivais globais. Não tenho como provar, mas nesse em que nós participamos o júri se rebelou e houve grande tumulto nos bastidores.”
Segundo Lucina, que tem mais de mil músicas compostas com Luhli, além de sete álbuns lançados pela dupla, o mais recente, “Nave em Movimento: a Música Artesanal de Luli e Lucina”, foi um imenso desafio. “Creio que, num trabalho solo, consegui deixar clara a minha personalidade musical ao mesmo tempo em que busquei preservar a magia da dupla. Este disco joga uma luz sobre a obra da dupla. É um disco onde o silêncio está presente e os sons se encadeiam em leveza. A delicadeza cai bem neste momento.”
Produzido, gravado e mixado através de um financiamento coletivo, o álbum trouxe, além de 13 músicas 11 inéditas, algumas dificuldades. “Tive que adaptar as canções ao meu tom, refazer algumas harmonias para que soassem bem. Outra coisa foi o excesso de material, [foi difícil] escolher 13 entre mil músicas. Outro desafio foi conseguir o dinheiro.”
O critério de escolha das músicas foi emocional, diz a cantora. “É aquilo que traduz o que quero dizer agora. E esse recado veio numa mistura de tempos. Tem canções dos anos 70 até a última música que fizemos em 2018, quando Luli se foi.”
Quanto aos músicos que participam do disco, que em breve contará com uma outra campanha de pré-venda para financiar uma tiragem em vinil, Lucina disse serem todos “profissionais de excelência, com os quais tenho um laço forte de amizade. São pessoas que tocam e tocaram comigo”. Entre eles, Marcelo Dworecki (violão de aço e contrabaixo), Peri Pane (violoncelo), Otávio Ortega (acordeom e piano), Murilo O’Reilly (percussão) e Maurício Cajueiro (guitarra).
Perguntada qual seria a opinião de Luhli ao ouvir “Nave em Movimento: a Música Artesanal de Luli e Lucina”, Lucina disse: “Acho que a Ruivinha ia gostar. Fiz tudo com muito respeito. Ela se surpreenderia com Misturada Cabana, porque já a havíamos gravado no disco de nosso parceiro Joãozinho Gomes numa linguagem forte, totalmente Luli e Lucina. Eu puxei o andamento para trás, coloquei toda a base num baixo solado e chamei a África nas vozes. Tempo Tapuia a surpreenderia por conta da liberdade do arranjo e Na Primeira Brisa a faria derreter”.
NAVE EM MOVIMENTO: A MÚSICA ARTESANAL DE LULI E LUCINA
Onde Disponível nas plataformas de streaming
Autoria Lucina
Gravadora Independente
CARLOS BOZZO JUNIOR / Folhapress