Dumont e Santos Dumont, cidades batizadas como o aviador, celebram seu nascimento

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – O aviador Alberto Santos Dumont (1873-1932), cujo nascimento completa 150 anos nesta quinta-feira (20), tem a história profundamente marcada por sua atividade em grandes centros, como Rio de Janeiro e Paris. Talvez por isso, pouca gente associe que esse espírito cosmopolita e inovador surgiu em um cantinho mineiro e se desenvolveu com uma infância soltando pipas no interior de São Paulo.

Considerado um dos brasileiros mais admirados no país e no mundo, Dumont acabou por dar nome a duas cidades que fazem parte de sua história: uma em Minas Gerais, onde nasceu, e outra próxima a Ribeirão Preto, local onde o pai teve uma grande fazenda e se tornou rei do café de em sua época. As duas cidades mantêm museus e trazem uma programação especial de homenagem a ele.

O inventor nasceu em 20 de julho de 1873 na antiga João Gomes (MG), que depois seria rebatizada como município “Santos Dumont”. Para o 150º aniversário de nascimento do aviador, a cidade elaborou uma programação para o mês cujo ápice acontece nesta quinta, com direito a lançamento de um selo dos Correios e entrega da Medalha Santos Dumont pelo governador Romeu Zema (Novo) no Museu de Cabangu.

Na sexta (21), a entidade vai entregar a medalha Mérito Cabangu, criada para distinguir pessoas que tenham contribuído para a preservação, divulgação e melhoria do Museu Casa Natal de Santos Dumont.

O Museu Cabangu foi montado na casa em que Dumont nasceu e reúne um dos mais ricos acervos sobre o inventor existentes, com objetos originais da família e réplicas em tamanho real do Demoiselle, primeiro avião com funcionalidade prática criado por Santos Dumont, e do 14 Bis, recém-restaurado.

“Os 150 anos de Dumont são notícia em todo lugar, com ações representativas no Brasil inteiro porque o comemoramos como brasileiro”, disse Monica Castello Branco, curadora aposentada de Cabangu e responsável por 20 anos pela preservação do acervo mineiro.

O ano também marca o começo de um projeto ambicioso para o espaço: a criação de um parque interativo. O projeto, de uma empresa de Curitiba, prevê até um simulador de voo, mas ainda está em fase de negociação e busca de parcerias público-privadas para financiar o projeto.

De acordo com Tatiana Possa Emídio, vice-presidente da Fundação Casa de Cabangu, o local inaugura até o final do ano a primeira etapa do parque, com o lançamento do Centro Cultural e Gastronômico, que está em obras e foi patrocinado pelo município.

Desde 2019 o Cabangu, que chegou a ter o risco de perder seu acervo para instituições de conservação internacionais, vem sendo reorganizado pela fundação com ajuda da OAB. “Cuidamos da burocracia para que pudesse sobreviver e agora o projeto é transformar de um museu contemplativo em um parque interativo, com outras atividades, para que as pessoas possam voltar”, afirma Emídio.

DUMONT DE SP

No interior de São Paulo, na antiga fazenda que tornou o pai do aviador, Henrique Dumont, em Rei do Café de sua época, foi erguida a cidade de Dumont. O município, próximo a Ribeirão Preto, abriga o Centro Cultural Osvaldo Marin Fernandez, onde é possível ao longo de todo ano participar de oficinas de pipa.

A atividade é feita para lembrar o começo da jornada do aviador, que em seu tempo de menino contemplava o céus de Dumont da varanda de casa. O local promove ainda passeios guiados pelos pontos turísticos e históricos locais.

Já o Museu Santos Dumont, que também atua no segmento de turismo pedagógico, recebe crianças de toda a região para conhecer a história do pai da aviação. O passeio começa com a visita ao acervo, que inclui uma réplica do 14 Bis e móveis que pertenceram à família Dumont e à infância do inventor.

Para marcar os 150 anos, a cidade promove um ato cívico-militar na prefeitura. Também haverá no Centro Cultural o lançamento do livro infantil “O Voo do Menino do Interior”, escrito por Luís Cláudio S. Pereira e que conta a história de Alberto Santos Dumont (R$ 51, disponível para compra no site do autor).

Em Ribeirão, que deve seu desenvolvimento à ferrovia trazida para levar o café da fazenda Arindeuva, de Henrique Dumont, o filho aviador será homenageado na Câmara com o lançamento nacional de selo comemorativo do aniversário de 150 anos dos Correios. Eles foram desenhados pelo artista Cordeiro de Sá, que fará uma palestra sobre o processo de criação dos modelos.

DANIELLE CASTRO / Folhapress

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