Tocha de Paris-2024 faz tributo ao rio Sena e à igualdade

LOS ANGELES, EUA (FOLHAPRESS) – A tocha olímpica de Paris-2024, revelada nesta terça-feira (25), traz ondulações metálicas na parte inferior para homenagear as águas do rio Sena, palco principal da cerimônia de abertura, em 26 de julho de 2024.

De cor champanhe, a tocha é feita de aço reciclado e será reutilizada até dez vezes no revezamento da chama, com início agendado para abril.

Apenas 2.000 serão produzidas. Foi quase o triplo em edições anteriores, e a redução se enquadra no espírito de sustentabilidade do evento. Cada objeto terá 70 cm e 1,5 kg.

“É uma homenagem ao rio Sena, mas é também para expressar a ideia da viagem da tocha. A água será um fio condutor”, disse o designer responsável, o francês Mathieu Lehanneur.

A chama cruzará os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico para chegar a cinco territórios franceses: Guadalupe, Guiana Francesa, Martinica, Polinésia Francesa e Reunião.

Como tradição, o início será em Olímpia, na Grécia. Depois, o fogo atravessará o Mediterrâneo para chegar à França em maio, via Marselha, iniciando uma viagem de 68 dias.

O revezamento de 11 mil corredores passará por cartões-postais franceses, como Versailles, Lascaux, o vale do Loire, Mont-Saint-Michel e vinhedos de Saint-Emilion.

“Francamente, eu não era um grande fã de competição. Mas seria impossível dizer não a esse convite”, disse Lehanneur, também responsável pelo design do caldeirão olímpico, a ser revelado nos próximos meses.

“Num projeto deste tipo, o mais importante não é a estética ou mesmo a elegância. E sim o que você quer expressar. Como transformar os valores da Paris-2024 em formas?”

O formato simétrico da tocha representa a igualdade, tanto de gêneros quanto de importância dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos -a tocha dos dois eventos será igual, com exceção do logotipo ao centro.

“A ideia de igualdade para mim era superimportante”, disse Lehanneur. “Será a primeira vez na história que os Jogos terão o mesmo número de atletas de ambos os sexos.”

A cor champanhe veio da mistura que ele imaginou das cores das medalhas de ouro, prata e bronze.

Para “evitar que a cor champanhe vire cor café”, ele disse, por causa do uso repetido das tochas, uma camada especial será aplicada para facilitar a limpeza.

Uma novidade tecnológica da tocha, produzida pela multinacional ArcelorMittal, é uma fenda na parte superior.

“Tivemos que desenhar a chama também, em termos de formato, cor e tamanho”, disse Lehanneur, acrescentando que ela será acesa com gás de biopropano.

Segundo ele, o tamanho e a espessura da fenda modificam o formato da chama, enquanto seu material e o revestimento modificam a cor.

“A chama pode sair por cima, claro, e também pela lateral, pela fenda, para poder ser vista em qualquer condição de tempo, mesmo com ventania ou chuva.”

O designer francês também chamou a atenção para a espessura do aço, que será fino para leveza e redução de material, além do caráter espelhado.

“A tocha ficará ainda mais bonita quando chegar à natureza, refletindo tudo ao redor, ou, na frente do mar, refletindo as águas ou o céu”, disse.

“Em termos de sustentabilidade, a leveza é um bom ponto na hora do transporte.”

Lehanneur, que tem escritórios em Paris e Nova York, é conhecido por móveis sustentáveis que misturam materiais orgânicos e tecnológicos.

Ele desenhou postes de luz movidos a energia solar para a Conferência do Clima de Paris de 2015, uma bicicleta elétrica dobrável e um sistema de filtração centrado por plantas em parceria com a Universidade Harvard.

No momento, trabalha como o design de interiores de um café dentro do museu Louvre.

As tochas de Paris-2024 não estarão à venda, e um número pequeno de réplicas será fabricado. Aos corredores será oferecido um souvenir símbolo do revezamento.

Joachim Roncin, chefe de design dos Jogos Olímpicos, contou que fez um concurso no começo do ano e atraiu cerca de dez designers.

“Olhamos para a história das tochas para não fazer algo totalmente anacrônico. Queríamos ter um elo com todas as outras”, disse Roncin.

“Mas também queríamos realmente criar algo diferente porque é isso o que gostamos de fazer aqui na Paris-2024.”

FERNANDA EZABELLA / Folhapress

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