Caça da Rússia danifica drone americano na Síria

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Força Aérea dos Estados Unidos divulgou um vídeo nesta terça (25) no no qual um caça russo Su-35 armado atinge um drone americano MQ-9 Reaper com flares —iscas incandescentes usadas para desviar mísseis guiados por calor do alvo. O caso ocorreu no domingo (23).

O avião-robô sofreu, segundo o Comando Central dos EUA, danos extensos em sua hélice, mas não chegou a cair como uma aeronave do mesmo modelo abalroada por um caça russo sobre o mar Negro no começo do ano.

O incidente é o terceiro do tipo desde o começo do mês, demonstrando um aumento da atividade de risco envolvendo aviões das duas maiores potências nucleares do mundo nos céus do país árabe, em guerra civil desde 2011.

No conflito, Vladimir Putin salvou a ditadura local, de Bashar al-Assad, do colapso ao intervir com basicamente componentes de sua Força Aérea em 2015. A Rússia já tinha instalações navais no país, herança da aliança com Damasco nos tempos soviéticos, e agora opera uma base aérea. Aliado a mercenários russos do Grupo Wagner e a forças iranianas, com apoio aéreo de Moscou, o governo sírio retomou controle de boa parte de seu país.

Mas não todo. Forças ocidentais seguem atacando bolsões do grupo terrorista Estado Islâmico, mas acabam sob fogo de tropas irregulares do Irã. Os EUA ainda mantêm cerca de mil soldados na Síria, que também tem uma presença significativa de forças da Turquia, outro país da Otan (aliança militar ocidental), que apoia milícias anti-Assad e combate forças curdas próximas da oposição do Curdistão em seu território.

Para completar o cipoal, Washington e Moscou estão em combate indireto na Ucrânia, onde o governo de Joe Biden apoia Kiev contra a invasão promovida por Putin no ano passado. Mas a tensão no Oriente Médio é um elemento novo na equação.

Em junho, os EUA anunciaram que iriam enviar seus mais avançados caças, os F-22, para operar na região, presumivelmente na principal base usada pelos americanos do Comando Central, no Qatar. O motivo declarado foi tentar conter a atividade russa, crescentemente hostil segundo a Força Aérea de Washington.

No início do mês, os americanos divulgaram um vídeo com duas abordagens, uma delas já utilizando os flares, uma novidade em termos de táticas aéreas. No episódio do mar Negro, próximo ao teatro de operações ucraniano, houve um choque físico entre um caça Su-27 e o MQ-9.

Naquele caso, contudo, as duas potências baixaram a fervura do incidente, evitando uma escalada. A situação na Síria tem se mostrado mais complicada —interceptações arriscadas, mas sem incidentes, ocorrem quase diariamente entre atores da Guerra Fria 2.0 em locais como os mares Negro e Báltico, o Ártico, o Pacífico e o mar do Sul da China.

O novo episódio prova, segundo os EUA, que os russos estão assediando deliberadamente as aeronaves americanas. No ano passado, uma bateria antiaérea russa disparou contra um MQ-9, sem sucesso. Moscou não comentou o caso desta terça (25), mas sustenta que os drones atuam para espionar suas atividades militares e que são assim alvos legítimos, embora negue querer derrubá-los.

Os americanos nega, dizendo que os drones estavam operando contra posições do Estado Islâmico, provavelmente no nordeste sírio, mas não disse se em ações de inteligência ou ataque. O MQ-9 pode fazer ambas as coisas.

IGOR GIELOW / Folhapress

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