SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem promovido recuos em série desde o período da campanha eleitoral do ano passado.
Isso tem provocado ruídos entre aliados e acusações da oposição de desconhecimento da realidade local. O governo argumenta que, no fim, os ajustes acabaram gerando melhorias nos programas.
Tarcísio foi ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e lançado candidato em São Paulo mesmo tendo nascido no Rio e passado parte da vida em Brasília.
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Câmeras da PM
Tarcísio recuou da promessa de retirar câmeras nas fardas de policiais, com base na opinião de que elas prejudicariam o trabalho da polícia, contrariando dados e especialistas. Dados mostram queda na morte de suspeitos e também de policiais após a implementação do aparelho. Ainda em campanha, em 14 de outubro, ele admitiu que se tratava de uma decisão pessoal e que reavaliaria a medida com especialistas. Por ora, a política segue mantida em sua gestão.
Secretaria da Pessoa com Deficiência
Após a eleição, Tarcísio anunciou a anexação da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência à Secretaria da Justiça e Cidadania. A repercussão foi negativa, com direito a protestos contra a medida. O governador, então, voltou atrás e anunciou que Marcos Costa, ex-presidente da OAB-SP, assumiria a pasta voltada a pessoas com deficiência.
Reunião com Lula
O governador oscilou ao responder aos atos de golpistas em Brasília de 8 de janeiro. O chefe do executivo paulista primeiro decidiu não participar de uma reunião com o presidente Lula (PT) com os governadores e sofreu críticas, mas voltou atrás e foi ao compromisso.
Nomeação de concunhado
Tarcísio voltou atrás da nomeação do concunhado Mauricio Pozzobon Martins como assessor especial. O STF, por meio da súmula vinculante 13, de 2008, estabelece que o nepotismo viola a Constituição Federal, o que abrange concunhados. Tarcísio afirmou que não sabia do veto do STF.
Autismo
Após críticas por ter vetado projeto de lei que propunha validade indeterminada para laudos médicos que atestem o transtorno do espectro autista em fevereiro, Tarcísio mudou de posição e se disse favorável ao projeto que vetou. Nas razões do veto, o governo escreveu que o autismo em crianças pode passar, afirmação contestada por especialistas e ativistas da área. Depois da mudança, a Alesp derrubou o veto e Tarcísio assinou a lei.
Salário de policiais
Em maio, o governador também voltou atrás sobre a contribuição social de 10,5% para inativos e pensionistas sobre a totalidade do valor dos proventos de inatividades e pensões militares, incluída em projeto de lei que institui o reajuste para os policiais Civil e Militar. Deputados da bancada da bala, da base de Tarcísio, reagiram após serem pressionados por policiais. Diante das críticas, Tarcísio recuou e a lei acabou aprovada sem este ponto.
Cracolândia – O último recuo foi sobre a desistência na última semana da ideia de transferir a cracolândia da Santa Efigênia para o Bom Retiro, também na região central. A estratégia visava manter os usuários de drogas perto de equipamentos de saúde e assistência nas redes sociais.
Houve forte reação da população do bairro, saia justa com a prefeitura que disse desconhecer o plano e críticas de especialistas. Depois disso, em nota oficial, o governo estadual afirmou que, “após novas avaliações, a estratégia de direcionar o fluxo para o Complexo Prates será revista.
ARTUR RODRIGUES / Folhapress