SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça de São Paulo começa a analisar nesta terça-feira (25) se 13 policiais militares apontados como responsáveis por ação ocorrida em 2019 em baile funk de Paraisópolis, na zona sul da capital, devem ir a júri popular. Naquela ocasião, foram mortas nove pessoas, que tinham entre 16 e 23 anos.
Os agentes convocados foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo sob acusação de homicídio doloso, quando há intenção de matar. Todos respondem em liberdade.
No Fórum Criminal da Barra Funda, a audiência foi iniciada às 13h30. Primeiramente, serão ouvidas as testemunhas 52 entre defesa, acusação e comuns. Por isso, devem ser necessárias algumas sessões até decisão ser proferida.
Em frente ao local da sessão, familiares das vítimas protestam desde a manhã desta terça. Eles pedem pela condenação dos envolvidos e questionam versão da polícia sobre o caso.
Investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar concluiu que os policiais militares não cometeram irregularidades. O órgão considerou que os agentes agiram em legítima defesa ao dispersar com bombas o baile e pediu o arquivamento do IPM (Inquérito Policial Militar).
A TRAGÉDIA EM PARAISÓPOLIS
Cerca de 5.000 pessoas estavam no Baile da DZ7, na comunidade de Paraisópolis, em 1º de dezembro de 2019. Naquela noite, uma operação policial terminou com nove mortos. Ao menos outras 12 pessoas se feriram.
Nenhuma das vítimas morava no local. Havia entre elas estudantes, vendedores e desempregados que viviam em bairros como Capão Redondo, também na zona sul, Vila Matilde, na zona leste, e em cidades da Grande São Paulo, como Mogi das Cruzes.
Ao menos nove agentes da Polícia Militar teriam chegado primeiro ao local. Depois, reforço foi chamado.
Versão oficial dos policiais afirma ter havido perseguição policial a uma moto no entorno do baile. Então, eles teriam seguido criminosos até rua onde estavam concentrados os frequentadores da festa.
Em resposta à ação, frequentadores teriam atiraram pedaços de paus e pedras contra os policiais. Ainda conforme a polícia, o tumulto teria incitado uso de bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e cassetetes. Os suspeitos procurados pelos agentes não foram identificados ou presos.
Jovens feridos no tumulto e parentes das vítimas, porém, dizem que os policiais fizeram uma emboscada exclusivamente para acabar com o baile funk.
Segundo os laudos obtidos à época com exclusividade pela Folha, a causa das mortes apontada é asfixia mecânica provocada por sufocação indireta. O exame aponta traumas condizentes com pisoteamento, como contusões e escoriações.
Os familiares, no entanto, refutam a hipótese. Eles acreditam que os jovens foram mortos espancados pelos agentes.
A Defensoria Pública diz ter ocorrido aprisionamento das vítimas em um beco visando agredi-las. Os policiais negam.
BRUNO LUCCA / Folhapress