BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem previsão de encontro com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), durante viagem à capital paulista nesta semana em meio às tratativas sobre a eleição municipal do ano que vem.
A expectativa do encontro foi confirmada à reportagem pelo próprio Bolsonaro. Os encontros devem ocorrer entre terça-feira (25) e quarta (26), acompanhados do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
O PL discute apoiar a candidatura de Nunes à reeleição, para se contrapor ao deputado Guilherme Boulos (PSOL), que vai disputar o comando da prefeitura e deverá ter o apoio do presidente Lula (PT).
Bolsonaro tem uma série de agendas em São Paulo com políticos e empresários e também com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Eu vou trair o Valdemar hoje, vou dormir com o Tarcísio”, brincou Bolsonaro em breve conversa com a reportagem, durante almoço na casa de Fábio Wajngarten, seu assessor de comunicação.
Como adiantou o presidente do PL em entrevista à Folha de S.Paulo, Bolsonaro passará a noite no Palácio dos Bandeirantes, depois de ter um entrevero público com o governador de São Paulo por discordâncias sobre a Reforma Tributária, aprovada na Câmara dos Deputados no início do mês.
Segundo Valdemar, a relação entre ambos está boa apesar de eles terem divergido publicamente acerca da proposta. Tarcísio defendeu a aprovação da reforma, enquanto Bolsonaro pregou que os deputados do PL votassem contra o texto.
Trechos da reunião no partido do ex-presidente em que o governador foi hostilizado por parlamentares bolsonaristas foram divulgados em redes sociais. Bolsonaro chegou a tirar a fala de Tarcísio, enquanto defendia a reforma, para dizer que ela não passaria, se o PL todo votasse unido.
Para o presidente do PL, porém, o caso se tratou de um “erro de comunicação” de Bolsonaro. “O Bolsonaro não é contra [a Reforma Tributária]. [É] contra a forma que eles fizeram”, afirmou Valdemar.
A expectativa é que Tarcísio converse com o ex-presidente sobre a proposta, já que o PL pode apoiar a reforma no Senado, caso sejam feitas mudanças. Esse posicionamento, por exemplo, é o mesmo do senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro e líder da oposição na casa.
Em outra frente, Bolsonaro terá uma conversa com Nunes, em meio às tratativas para que o PL o apoie na disputa pela reeleição em São Paulo.
Procurado, Nunes diz que ainda não há encontro marcado com o ex-presidente.
O presidente do PL diz que caberá a Bolsonaro definir se apoiará ou não o atual prefeito.
Segundo disse o próprio Valdemar à Folha de S.Paulo, Bolsonaro tem simpatia por Nunes. Apesar disso, parte de sua base aliada no estado defende a candidatura de um nome que represente mais a direita.
O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) chegou a receber, inicialmente, sinalizações positivas de Bolsonaro para disputar o cargo do executivo municipal, mas o parlamentar não teve respaldo do partido.
Ganhou força, então, a tese de um nome mais moderado na direita para disputar a prefeitura contra o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), visto como a principal ameaça por bolsonaristas na capital.
Questionado se passaria por exames em São Paulo, Bolsonaro negou: “estou passando mal é da feijoada que comi”, brincou o ex-presidente.
JULIA CHAIB, MARIANNA HOLANDA E CAROLINA LINHARES / Folhapress