Grécia controla incêndios florestais, mas segue ‘em pé de guerra’ contra novos focos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Bombeiros da Grécia disseram nesta sexta (28) terem controlado os incêndios florestais que assolam o país há duas semanas. Autoridades, porém, ponderam que a situação permanece crítica —os ventos, afinal, podem reacender as chamas. Cinco pessoas morreram e milhares tiveram de deixar suas casas.

“No momento, não temos focos ativos, e as perspectivas estão melhorando, mas ainda estamos em pé de guerra para conter os incêndios”, disse à agência de notícias AFP um porta-voz do Corpo de Bombeiros. As temperaturas, que chegaram a 46°C, estão caindo nos últimos dias.

Os incêndios, intensificados pelo calor extremo, destruíram áreas florestais e dezenas de casas, além de fazendas e fábricas. Nesta quinta-feira (27), mais duas pessoas morreram em razão das chamas na região central do país, aumentando o número total de vítimas para cinco.

Também nesta quinta, os incêndios atingiram um depósito de munição da Força Aérea na região de Magnésia, perto da cidade costeira de Nea Anchialos. As chamas provocaram fortes explosões, e a Guarda Costeira disse que moradores tiveram de fugir para Volos, a capital regional.

Mais de 130 pessoas foram resgatadas de barco, e imagens exibidas na mídia local mostram que houve pânico: alguns correram em direção ao porto carregando crianças e animais no colo. À tarde, antes das explosões, bombeiros foram de porta em porta pedir que as pessoas deixassem a região por segurança.

Caças estacionados em um aeroporto militar próximo do depósito foram retirados por precaução, segundo o governo. A onda de choque provocada pela explosão, sentida a quilômetros de distância, quebrou os vidros de várias lojas, segundo relatos de moradores à agência de notícias Reuters. Nikos Dendias, ministro da Defesa da Grécia, anunciou nesta sexta-feira a abertura de uma investigação sobre o caso.

Embora os incêndios estejam controlados, centenas de bombeiros, auxiliados por cinco aeronaves e um helicóptero, continuam fazendo o trabalho de rescaldo devido à possibilidade de os ventos fortes gerarem novos focos de fogo. As áreas mais atingidas foram as ilhas de Rodes, Corfu e Eubeia. Depois, as chamas provocaram destruição também na Grécia central e na região de Volos, na costa leste.

Em Rodes, onde mais de 20 mil turistas e moradores foram retirados de hotéis e casas à beira-mar, os incêndios florestais diminuíram depois de queimar cerca de 10% da área cultivada da ilha. Mas as equipes continuam trabalhando em vários locais pelo 11º dia seguido, em esforço para evitar novos incidentes.

O premiê grego, Kyriakos Mitsotakis, disse nesta quinta que a Grécia precisa tomar mais medidas para combater os efeitos da crise climática, enfatizando a necessidade de melhorar a prevenção de incêndios. A Grécia é um dos países da Europa mais afetados pela onda de calor extremo. Os incêndios já queimaram quase 50 mil hectares de floresta e vegetação.

Outros países do Hemisfério Norte, como Itália e Estados Unidos, também sofrem com a onda de calor. O mês de julho deve ser o mais quente já registrado na história, de acordo com o observatório europeu Copernicus e a OMM (Organização Meteorológica Mundial). As três primeiras semanas do mês foram o período mais quente já registrado –e é “extremamente provável” que esse quadro se repita nos próximos dias. “A mudança climática está aqui. É aterrorizante. E é apenas o começo. A era da ebulição global chegou”, disse o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, nesta quinta-feira.

Redação / Folhapress

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