Nova queima de Alcorão na Suécia intensifica tensões do país com a Turquia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um novo protesto envolvendo a queima de um exemplar do Alcorão na Suécia voltou a aumentar as tensões entre a nação escandinava e países de maioria muçulmana nesta segunda-feira (31).

O ato, o terceiro do tipo em menos de dois meses, ocorreu em frente ao Parlamento sueco, em Estocolmo. Como os anteriores, ele foi protagonizado pelo refugiado iraquiano Salwan Momika, 37. E, assim como os demais, também tinha sido autorizado previamente pela polícia —o que levou uma série de países a acusarem o Estado sueco de conivência com ataques ao livro sagrado do islã sob o argumento da liberdade de expressão.

No protesto desta segunda-feira, realizado por volta das 13h, Momika estava acompanhado de outro refugiado iraquiano, Salwan Najem, 48. A dupla pisoteou uma cópia do Alcorão antes de atear fogo a ela. À imprensa, afirmou que seu objetivo final é vetar a circulação do livro no país. “Vou queimá-lo muitas vezes, até que o proíbam”, disse Najem ao jornal Expressen.

Momika ainda pisoteou um retrato do clérigo xiita Moqtada al-Sadr. Foram os correligionários do religioso, um dos principais nomes da política do Iraque, que invadiram e incendiaram a embaixada sueca em Bagdá este mês, uma resposta à manifestação anterior de Momika ocorrida na véspera em frente à embaixada iraquiana em Estocolmo.

Este segundo protesto de Momika foi, aliás, o estopim para que diversos países de maioria muçulmana reagissem em sequência. Além do Iraque, que expulsou a embaixadora da Suécia de seu território, as chancelarias da Arábia Saudita, do Qatar e do Irã também convocaram os diplomatas da nação escandinava, e protestos foram programados em Teerã e no Líbano.

O país que mais preocupa a Suécia é, porém, a Turquia, já que seu voto é essencial para a entrada da nação escandinava na aliança militar ocidental, a Otan.

No domingo (30), quando a notícia de que haveria um novo ato de Momika se espalhou, o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, teria pedido a seu homólogo sueco, Tobias Billstrom, que a Suécia fizesse ações concretas para evitar novos episódios de profanação do Alcorão, segundo informações da agência de notícias Reuters. Fidan teria dito ainda que era inaceitável que ações vis como estas prosseguissem sob a guisa da liberdade de expressão.

Billstrom não se pronunciou sobre a suposta ligação. Ele disse, porém, estar em contato com Organização de Cooperação Islâmica (OCI), que marcou para esta segunda-feira uma reunião extraordinária sobre o tema.

Em comunicado, o chanceler afirmou ter enviado uma carta para os integrantes da organização para enfatizar que a aprovação ou veto da polícia à realização de atos públicos ocorre de maneira independente, sem intervenção do governo. A força de segurança afirma, por sua vez, que a autorização é concedida para o evento em si, não para as atividades que ele envolve.

Redação / Folhapress

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