Bolsa cai puxada por Sabesp, Vale e Petrobras; dólar sobe com aversão ao risco global

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira caiu 0,56% e fechou aos 121.248 pontos nesta terça-feira (1°) puxada por Vale, Petrobras e Sabesp, enquanto investidores aguardam a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre os juros do Brasil, que será divulgada nesta quarta (2).

Já o dólar teve forte alta de 1,27% e terminou o dia cotado a R$ 4,789, após notícias negativas sobre dados de atividade econômica da China e da Europa, que aumentam o sentimento de aversão ao risco no exterior.

A sessão desta terça foi marcada por pessimismo para ativos de risco. Dados divulgados pela manhã mostraram que o PMI (índice de gerentes de compras) industrial da China caiu para 49,2 em julho, em seu primeiro declínio desde abril, o que causou temor nos mercados globais.

“O receio com a desaceleração econômica na segunda maior economia do mundo se sobrepôs à iniciativa do governo, que sinaliza mais estímulos à atividade no país”, disse a Guide Investimentos em nota a clientes, destacando queda das Bolsas, desvalorização de commodities e um dólar mais forte logo no início do pregão desta terça.

Além disso, afirmou a Guide, dados fracos sobre a atividade industrial na zona do euro também minaram o otimismo dos investidores com as perspectivas econômicas globais.

Nesse cenário, os principais índices de ações mundiais operaram em queda ao longo do dia.

Os americanos S&P 500 e Nasdaq caíram 0,24% e 0,43%, respectivamente, enquanto o pan-europeu Stoxx 600 recuou 1,43%. O Dow Jones, índice industrial dos Estados Unidos, foi na direção contrária e subiu 0,20%, apoiado por dados positivos da indústria americana divulgados nesta terça.

No Brasil, a baixa do Ibovespa foi puxada principalmente por quedas da Petrobras (1,70%), em dia de correção após forte alta na véspera e de fraqueza do petróleo no exterior, e da Vale (1,61%), impactada pela instabilidade do minério de ferro.

A maior queda do dia foi da Sabesp, com recuo de 4,14% após o governo de São Paulo ter definido o modelo de privatização da companhia, que prevê uma oferta pública de ações (follow-on) da empresa.

No mecanismo escolhido, o governo não se retira totalmente da empresa. O estado, que hoje tem 50,3% da companhia, perderia o controle. A fatia que continuaria a pertencer ao governo ainda será definida, de acordo com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

No câmbio, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes avançou 0,39% no dia, favorecido pelo aumento da aversão ao risco globalmente.

“O movimento de valorização da moeda norte-americana sobre o real é natural em momentos de maior incerteza sobre a atividade econômica chinesa e global, pois afeta diretamente os países produtores de commodities, como o Brasil”, explica Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

No Brasil, o Copom inicia sua reunião para deliberar sobre a taxa básica de juros Selic, com ampla expectativa de que um ciclo de corte de juros seja iniciado. Alguns analistas já apostam que o BC cortará a taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano, em 0,50 ponto percentual, mas economistas consultados pelo Banco Central no boletim Focus desta semana projetavam redução mais branda, de 0,25 ponto.

O provável corte de juros deve dar fôlego à Bolsa nos próximos meses, tanto por facilitar o acesso de empresas brasileiras a investimentos quanto por reduzir a atratividade da renda fixa, o que pode fazer com que investidores realoquem seus recursos, como aponta André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

“A Bolsa pode acabar voltando a ser um dos setores alternativos na diversificação com a perda da atratividade da renda fixa. Quando comparamos os cenários de tendência de baixa de Selic, a Bolsa é um dos setores que mais se valorizaram”, diz Rocha.

Estrategistas do BTG Pactual também avaliam que a perspectiva de o BC dar início a um ciclo de afrouxamento monetário neste mês pode impulsionar ainda mais as ações brasileiras. Em relatório a clientes, eles afirmaram que ainda há espaço para ganhos na Bolsa.

Nos mercados futuros, as curvas de juros tinham alta, após fortes quedas nos últimos dias justamente pelo aumento das projeções de um corte de maior magnitude na Selic. Os contratos para janeiro de 2024 saíam de 12,58% para 12,62%, enquanto os para 2025 iam de 10,60% para 10,68%.

O nível atual dos juros é apontado como um apoio para o real ao torná-lo mais atraente para estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com diferenciais de custos de empréstimo entre economias.

No entanto, alguns participantes do mercado argumentam que, mesmo após o início do afrouxamento da política monetária do BC, a Selic seguirá em nível restritivo, dando suporte à moeda brasileira, ao mesmo tempo em que prevalece uma visão mais otimista sobre a economia doméstica.

Redação / Folhapress

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