SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ativistas do Greenpeace cobriram a casa do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, com panos pretos nesta quinta-feira (3). A ação integrava um protesto contra a política do governo britânico de extração de petróleo anunciada no início da semana.
Quatro manifestantes usaram escadas para subir no telhado da propriedade, localizada em Yorkshire, no norte da Inglaterra, e penduraram enormes pedaços de tecido para cobrir sua superfície. Outros dois ativistas exibiram então uma faixa com a frase “Rishi Sunak – Lucro vindo do Petróleo ou o Nosso Futuro”?.
O grupo afirma ter permanecido cinco horas no local até ser retirado pela polícia. Cinco dos manifestantes foram presos.
Peter Walker, ex-vice-chefe de polícia da polícia de North Yorkshire, disse à rádio LBC que ficou surpreso com o que chamou de “grande violação de segurança”. Sunak não estava na mansão no momento do protesto. Ele viajou de férias com a família para a Califórnia na quarta-feira (2).
O protesto fazia referência a um anúncio feito pelo primeiro-ministro dias antes, quando ele prometeu “centenas” de novas licenças para a exploração de petróleo e gás no Mar do Norte. Segundo o governo, a iniciativa ajudaria a manter mais de 200 mil empregos. As permissões devem começar a ser emitidas no no final de setembro.
A medida, em parte uma reação à crise energética que tomou a Europa desde o início da Guerra da Ucrânia, foi criticada por ONGs ligadas ao meio ambiente. O Greenpeace, organização a que os manifestantes pertencem, inclusive considera a concessão ilegal, afirmando que a medida é uma “manobra política para semear a divisão” que trata a crise climática como um “dano colateral”.
“Precisamos desesperadamente que nosso primeiro-ministro seja um líder do clima, não um incendiário do clima”, afirmou Philip Evans, do Greenpeace britânico, que ainda chamou o chefe de governo de “cínico”.
As ações de Sunak no campo ambiental estão sob escrutínio desde que ele disse que adotaria uma “abordagem proporcional” diante da crise climática. O conservador defende, em outras palavras, que as ambições de zerar as emissões de carbono tenham a mesma prioridade que manter as contas dos consumidores baixas, o que provocou a fúria de ambientalistas.
O Reino Unido já registra os efeitos da crise do clima. Um relatório dos serviços meteorológicos alertou recentemente que as temperaturas recordes do verão de 2022, quando os termômetros marcaram temperaturas acima dos 40°C, serão consideradas “frescas” até o final do século.
No final de junho, o secretário de Estado responsável pelo clima no Ministério das Relações Exteriores, Zac Goldsmith -próximo ao ex-primeiro-ministro Boris Johnson-, deixou o governo, acusando Sunak de não estar interessado no meio ambiente.
Redação / Folhapress